Sánchez e Iglesias pactuam governo de coalizão na Espanha após ascensão da extrema direita

Primeiro-ministro interino, Pedro Sánchez, e o líder de Unidas Podemos selaram acordo diante das câmeras no Congresso dos Deputados, em Madri, menos de 48 horas após divulagação de resultado das eleições gerais, nas quais extrema direita triunfou conquistando 52 cadeiras no parlamento

Anúncio de acordo entre Sánchez e Iglesias foi feito após menos de 48 horas da divulgação do resultado das eleições na Espanha

O primeiro-ministro interino da Espanha, Pedro Sánchez (PSOE), chegou a um acordo com o líder de Unidas Podemos. Pablo Iglesias, para formar um governo de coalizão. O anúncio foi feito nesta terça-feira (12) em uma coletiva de imprensa conjunta entre os dois líderes no Congresso espanhol, onde os dois assinaram documento com dez pontos de compromisso de governo. Sánchez desta vez foi rápido em pactuar com Iglesias após o resultado das eleições gerais do último domingo (10).

No pleito, no qual Sánchez aspirava conseguir eleger mais que os 123 deputados que havia conseguido na eleição passada de 28 de abril, o socialista viu seu número de parlamentares cair para 120. Iglesias por sua vez perdeu sete deputados, passando de 42 para 34. Além disso, o Partido Popular (de direita), de Pablo Casado, conseguir aumentar em 22 cadeiras sua participação no Congresso. Contudo, o pior foi assistir o triunfo da extrema direita representada por Vox, de Santiago Abascal, que subiu de 25 para 54 deputados, ameaçando não apenas os partidos de centro e de esquerda, mas também as siglas de direita.

“Quero saber se é mais fácil dormir com 52 deputados de extrema direita no Congresso que com ministro de Unidas Podemos no governo”, disse Pablo Iglesias ainda na noite eleitoral, ao criticar Sánchez. O primeiro-ministro foi o responsável pela repetição das eleições agora em novembro , porque não aceitou as propostas de pacto de Iglesias. No final do período de negociação, chegou a dizer que não poderia dormir bem se tivesse ministro de Podemos, partido de esquerda, no seu governo. Na época, com a popularidade em alta, pesquisas do PSOE indicavam que se submetesse a um novo pleito teria grandes chances de obter um número de deputados perto dos 176 que é necessário para ter a maioria de deputados e poder governar sem necessidade de apoio de outros partidos.

A cartada arriscada de Sánchez não deu certo. Os conflitos na Catalunha após o anúncio da condenação contra os líderes independentistas catalães geraram críticas de todos os lados. Sua decisão de exumar e corpo do ex-ditador Francisco Franco, para transferi-lo do Vales dos Caídos a um mausoléu num cemitério comum em meio à campanha eleitoral, causou mais protestos que louvor. O que despertou o monstro do franquismo e em consequência a ascensão da extrema direita.

Escaldado, Sánchez não demorou nem 48 horas agora para selar um acordo com Iglesias. Juntos os dois ainda não somam maioria, mas há a possibilidade de apoio de dois partidos independentistas, Esquerda Republicana de Catalunha (ERC) e Juntos por Catalunha (JxSim). Sánchez havia se recusado a conversar com estas siglas na negociação passada, mas parece ter mudado de ideia.

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