Catalães pressionam governo da Espanha por diálogo sobre independência

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Estima-se que mais de 80 mil pessoas participaram do protesto em Barcelona contra criminalização de políticos e instituições catalãs

O movimento independentista da Catalunha promete uma agenda permamente de manifestações massivas em defesa do soberanismo. O objetivo é pressionar o governo espanhol a dialogar ao invés de utilizar a via judicial para ameaçar os políticos que estão à frente do processo de desconexão. A decisão foi tomada pela Associação Nacional Catalã (ANC), Òmnium Cultural e Associação de Municípios pela Independência (AMI), que no último domingo realizaram protesto com participação de mais de 80 mil pessoas em Barcelona.
Jordi Cuixart, presidente de Òmnium Cultural, foi taxativo durante o evento: “Isto não vai de manifestar-nos uma vez ao ano (durante 11 de setembro, Diada da Catalunha). Senão de sair às ruas quando seja necessário, iniciando uma mobilização permamente”. E acrescentou: “Isso não vai de bandeiras, de partidos nem personalismos e sim de democracia e para defedener aqueles que nos representam e foram eleitos nas urnas”. O presidente da ANC, Jordi Sànchez, reforçou o posicionamento. “Sairemos novamente à rua, onde e quando seja preciso”.
Atualmente há 407 recursos e requerimentos judiciais abertos contra políticos eleitos e instituições catalãs, gerados por denúncias realizadas pela Delegação do Governo Espanhol e Ministério Público. Há um cardápio variado de acusações: desrespeito à lei de símbolos e bandeiras do Reino da Espanha, prevaricação e desobediência, incitação à rebelião e sedição, uso indevido de fundos públicos e usurpação de funções.
Para instituições municipais estão sendo indicados “delitos” como não içar a bandeira do reino da Espanha; retirar o retrato do rei Felipe VI da parede; abrir e atender ao público no Dia Nacional da Espanha (12 de outubro); impulsar a soberania fiscal; debater e votar a favor da Resolução de desconexão 1/XI do Parlamento da Catalunha; declarar-se território catalão livre e soberano; pagar cota anual da AMI; ceder local à AMI; contratar transporte para deslocar-se a Barcelona durante a Diada de 11 de setembro de 2012.
Para particulares há outro listado: haver permitido a consulta soberanista vinculante e com urnas de papelão em 9 de novembro de 2014 (que recai sobre o ex-presidente Artur Mas e três ex-secretrários de seu governo) e permitir o debate sobre as conclusões da Comissão de Estudo do processo constituinte no Parlamento (acusação contra a deputada Carme Forcadell).

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Idoso que participou do ato chamou atenção pela emoção em clamar pela independência

Participaram da manifestação, realizada no Passeio Maria Cristina, representantes de quase todos partidos políticos catalães, sindicatos, entidades sociais, além dos afetados pelos tribunais espanhóis, respaldados por um público animado e emocionado. Numa demonstração de que o segundo governo do primeiro ministro Mariano Rajoy (PP), iniciado a poucas semanas, não terá tregua por parte daqueles que defendem a independência da Catalunha.

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