A extraordinária coincidência que levará Oumoh, refugiada de 4 anos, de volta aos braços da mãe

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Mamma Maria, policial italiana, emociona-se ao contar história de menina africana que chegou sozinha à Itália e agora poderá reencontrar a mãe



A mãe de Oumoh decidiu fugir da Costa do Marfim depois que a família paterna da garota de 4 anos decidiu submetê-la à mutilação genital. Lamentavelmente, a aventura rumo à Europa não saiu como esperava e a menina chegou sozinha à Lampedusa, na Itália, após ser resgatada no mar enquanto fazia a perigosa travessia entre a África e a Itália. Contudo, uma extraordinária coincidência permitirá que mãe filha e mãe voltem a se reencontrar, numa história contada nesta quinta-feira (24) por destacados meios de comunicação europeus.
A pequena chegou a Lampedusa na primeira semana de novembro, segundo relato feito à Agência France Press (AFP) pela chefe do serviço de menores da polícia Agrigento (Sicilia), inspetora Maria Volpe. Oumoh viajava em um bote com dezenas de pessoas, a maioria mulheres e crianças, mas ninguém parecia conhecê-la.
Especialista há 20 anos no trabalho com menores refugiados, ‘Mamma Maria’, como é conhecida María Volpe, se deslocou a Lampedusa para recolher a menina e levá-la, por ordem do Juizado de Menores, a uma casa de acolhida em Palermo. “Ela havia chegado há vários dias e aparentava tranquilidade”, conta a policial.

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Oumoh foi reconhecida por outra refugiada de 8 anos

Foi então que o destino atuou através de Nassade, uma menina de 8 anos resgatada semana passada na costa da Líbia junto com o irmão recém-nascido e a mãe, também levados a Lampedusa. Enquanto conversava com a mãe de Nassade, um agente deixou que a criança olhasse fotos em seu celular para mantê-la distraída. Foi então que a menina começou a gritar: “Oumoh, Oumoh!”, apontando para a tela.
Nassade havia conhecido Oumoh em um centro de acolhida em Túnis. E por sorte sua mãe guardava o telefone da mãe de Oumoh, o que permitiu à polícia entrar em contato com ela. “Isso chega ao coração”, diz Mamma María, em referência à história.
Entre lágrimas, a mãe de Oumoh explicou à policial que após fugir de casa, viajou com a filha até Túnis com a intenção de chegar à Europa. Mas teve que regressar e deixar a menina com uma amiga na tentativa de “conseguir um pouco de trabalho e buscar alguns pertences”.
A amiga então teve a oportunidade de embarcar em um bote e levou Oumoh junto, mas não se sabe ao certo o que aconteceu com ela, uma vez que a garota foi resgatada sozinha. “A mãe quería embarcar também, mas ficou na Costa do Marfim mais tempo do que previa e quando voltou a Túnis já não encontrou mais a filha”, explica María, que já falou várias vezes com a mãe de Oumoh por telefone.
Os serviços diplomáticos de Roma e Túnis estão agora tentando reunir as duas, provavelmente com a emissão de um visto de reagrupação familiar para a mãe. Assim que se reencontrarem será feito um teste de DNA para comprovação da maternidade.
Ao longo de vários anos de serviços, “Mamma Maria”, de 56 anos, viu milhares de adolescentes migrantes desacompanhados, mas apenas duas dezenas de crianças de tão tenra idade.
“Toca o coração ver os olhos das crianças tão pequenas. Elas apegam-se rapidamente a ti e tornas-te o ponto de referência delas. Mas é uma honra poder ser capaz de fazer este trabalho com amor e humanidade”, realçou.
No início do mês, o presidente italiano, Sergio Mattarella, incluiu “Mamma María” na lista dos 40 heróis do dia-a-dia que vão ser distinguidos com a Ordem de Mérito este ano.

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