Espanha criticada por ataque judicial à presidente do parlamento catalão

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Políticos e lideranças independentistas acompanham Carme Forcadell até a porta do Tribunal Superior de Justiça, em Barcelona

O governo espanhol parece ter dado um tiro no pé ao abrir processo contra a presidente do Parlamento da Catalunha, Carme Forcadell. Ela está sendo investigada pela Justiça por não impedir o trâmite de resoluções relacionadas ao processo independentista. A deputada foi acompanhada hoje (16) por uma multidão de apoiadores até a porta da sede do Tribunal Superior de Justiça, em Barcelona, onde foi convocada a depor.
Mas não foi a multidão nas ruas da capital catalã que trouxe dor de cabeça ao conservador primeiro ministro Mariano Rajoy (PP) e sim o apoio internacional declarado a Forcadell. Desde o início da semana, políticos de vários países europeus vem manifestando publicamente preocupação com a querela contra a parlamentar. Ela ganhou notoriedade durante o período que presidiu a Assembleia Nacional Catalã (ANC), entidade da sociedade civil impulsora das manifestações massivas na Catalunha em favor da independência.
Um dos primeiros a falar publicamente sobre o assunto foi o ex-primeiro ministro escocês Alex Salmond. Ele disse que o processo contra a presidenta do parlamento catalão despertava inquietude entre os políticos europeus. Já o deputado italiano e fundador do movimiento “Possível”, Giuseppe Civati, declarou que é “muito perigoso fazer servir da via judicial para frear o processo catalão”. Expressando apoio a Forcadell, pediu ao governo espanhol que encontre uma solução política e democrática para o caso.
No Reino Unido, a Câmara dos Comuns subscreveu uma moção de apoio a Forcadell, que conta com assinatura de deputados trabalhistas e verdes. Tais parlamentares explicam que não defendem a independência da Catalunha nem o direito a decidir, mas sim a democracia, que entendem estar sendo ameçada pela atitude do governo espanhol, judicializando uma questão política.
Nesta sexta, catorze deputados de diferentes partidos solicitaram ao governo da Suíça que expresse a “sua preocupação ao governo espanhol pelo processo penal aberto contra a presidente do parlamento catalão”. O Sinn Féin, um dos movimentos políticos mais antigos da Irlanda, já solicitou ao governo do seu país que leve o caso ao Conselho Europeu.

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MANIFESTAÇÃO – As pessoas que acompanharam Forcadell hoje empunhavam bandeiras e gritavam palavras de ordem a favor da independência numa demonstração de força. Ela foi seguida, a pé, desde a sede do parlamento catalão até o tribunal regional. Entre a multidão também estavam políticos, como o presidente do governo da Catalunha Carles Puigdemont e o ex-presidente Artur Mas, além de dirigentes de entidades da sociedade civil como a ANC, Òmnium Cultural e a Associação dos Municípios pela Independência.
O Tribunal Constitucional (TC) espanhol, que processa Forcadell, já havia suspendido na quarta-feira a resolução do parlamento regional da Catalunha que prevê a realização em 2017 de um referendo sobre a independência naquela comunidade autônoma.
O Tribunal recordou ainda à presidente do parlamento da Catalunha e demais membros da mesa, assim como ao presidente do Governo regional, Carles Puigdemont, e membros do executivo regional do seu dever de “impedir ou paralisar” qualquer iniciativa que leve a ignorar ou eludir a suspensão decidida.
O Governo espanhol defende que o parlamento da Catalunha desobedeceu as sentenças já proferidas pelo TC ao aprovar uma resolução em outubro sobre o “Referendum” e o “Processo Constituinte”.
Desde a instituição em 1978 do atual regime democrático espanhol que os maiores partidos políticos do país, PP (Partido Popular, direita) e PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol), opõem-se a movimentos tendentes a dividir o atual território nacional.

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