Grupo ultradireita freta barco para impedir resgate de refugiados no Mediterrâneo

C-Star, fretado através da campanha Defend Europa, do grupo Geração Identitária, promete “proteger a Europa da invasão africana”

Integrantes do movimento ultradireitista xenófobo Geração Identitária avisam na sua página web que este será um verão qualquer. Lorenzo Fiato, um dos impulsores da campanha Defend Europe, declarou que “este é momento de renunciar às férias e preparar-se para frear a crescente aficanização da Europa”. Para isso, o grupo nascido de um partido político francês oposto ao islamismo e à imigração fretou um barco que terá a missão de “monitorar as atividades ilicitas das ONGs que resgatam migrantes no Mediterrâneo e proteger a Europa de uma invasão”.
O grupo destaca que ajudará as autoridades da Líbia, país de onde sai a maioria das embarcações rumo à Europa, “devolvendo os imigrantes à costa africana”. A iniciativa ganha corpo justamente quando na Itália – onde este ano se prevê que cheguem 220 mil migrantes – alguns setores políticos exigem que seja declarado estado de emergência por conta da crise migratória.

Cartaz da campanha Defend Europe, que arrecadou 160 mil euros (582,7 mil reais) para ifretar barco que objetiva impedir trabalho das ONGs que resgatam refugiados no Mediterrâneo

O frete do barco foi possível através de uma campanha de financiamento da Defend Europe na internet que até agora arrecadou 160 mil euros (582,7 mil reais). Conseguir os recursos não foi um procedimento fácil, visto que devido à pressão política e midiática, a plataforma financeira PayPal bloqueou a primeira tentativa de arrecadação. Isso obrigou o grupo a recorrer a outros canais para receber as doações.
O barco terá entre os tripulantes 12 ativistas de distintas nacionalidades, entre eles austríacos, alemães e franceses. Que querem provar que as ONGs facilitam a entrada de migrantes ilegais em solo europeu. E prometem mais: Ameaçam impedir os resgates, destruir as lanchas infláveis abandonadas e levar de os migrantes de volta à Líbia. “Não somos especialistas em resgate e não pretendemos fazê-lo. Mas se tivermos que executar-lo e essa for a última possibilidade, os devolveremos à Líbia”, afirmou Fiato.
A embarcação contratada, a C-Star, saiu de Djibouti, na África, rumo à Catania, na Itália. Mas ainda não chegou ao destino. Segundo informação publicada pelo jornal espanhol El País, os radares marítimos indicam que está retido no canal de Suez. “As iniciativas parlamentares e a polêmica nos meios de comunicação aumentaram os controles”, desconversa Fiato sobre o paradeiro do barco.
TÁXIS DE REFUGIADOS – O grupo Geração Identitária tenta colocar sob suspeita o trabalho das ONGs que fazem resgates no Mediterrâneo acusando-as de cometer ilegalidades e de criar um pólo de atração para os migrantes. Desta idéia se alimentam outros grupos ultradireitistas, como também está sendo difundida na Itália por partidos como a Liga Norte ou Movimiento 5 Estrelas, que chegou a qualificar os barcos de resgate como “táxis de refugiados”.

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