Catalunha indignada vai às ruas contra prisão e exílio de líderes independentistas

Juiz Pablo Llarena ordenou detenção de Jordi Turull, Josep Rul, Raul Romeva, Dolores Bassa e Carme Forcadell, aumentando para nove o número de presos políticos catalães por rebelião e sedição

Jordi Turull (D), ao lado de Josep Rull, preso hoje, estava em processo de investidura no Parlamento da Catalunha, que realiza a segunda rodada de votos na manhã deste sábado

O independentismo catalão sofreu um duro golpe nesta sexta-feira (23), com a prisão de mais cinco de seus líderes, acusados de rebelião e sedição por conta da proclamação da república declarada em 27 de outubro passado. O juiz Pablo Llarena, que conduz a causa no Supremo Tribunal de Justiça da Espanha, ordenou o encarceramento de de Jordi Turull, atual candidato à presidência da Catalunha e dos deputados Raul Romeva e Josep Rull. Também de Dolores Bassa e Carme Forcadell, que haviam renunciado ontem aos mandatos de deputadas.

Forcadell, Bassa e Romeva a caminho do tribunal antes da decretação da prisão

O magistrado entendeu que os acusados, que respondiam à causa em liberdade condicional sob pagamento de fiança, oferecem “perigo de reiteração delitiva”. Além deles, estava convocada a depor a líder de Esquerda Repúblicana (ERC), Marta Rovira, que não compareceu à audiência e também teve prisão decretada. Ela decidiu seguir para o exílio e há informações que está na Suíça. 
O juiz também ordenou a reativação das ordens internacionais de busca e captura do presidente cessado Carles Puigdemont, dos ex-secretários de seu governo Toni Comín, Lluís Puig, Meritxell Serret, exilados na Bélgica, de Carla Ponsatí, que está no Reino Unido, e da ex-deputada Ana Gabriel, na Suiça.
Já estão presos o ex-presidente Oriol Junqueras e o ex-presidente da Assembleia Nacional Catalã (ANC), ambos eleitos deputados, o ex-secretario do Interior, Joaquim Forn, e o presidente da Òmnium Cultural, Jordi Cuixart.

Praça Catalunha, em Barcelona, onde manifestantes protestram contra prisões e exílio de líderes independentistas

A prisão e o exílio dos líderes independentistas provocou reações indignadas em toda Catalunha, que há seis meses está sob intervenção do governo espanhol, levando milhares de pessoas às ruas a protestar. As maiores concentrações aconteceram em Barcelona, Girona, Tarragona e Lleida, em frente das delegações do governo da Espanha. Em Barcelona, estima-se que dez mil pessoas se reuniram na praça Catalunha, de lá seguindo para a frente da Delegação do Governo da Espanha, onde houve confronto com a polícia. Havia informações de 22 feridos no local até às 23h, onde houve muitos momentos de tensão. Os manifestantes gritavam: “Liberdade presos políticos”, “Fora forças de ocupação” e clamavam por “República já”.

Concentração em Girona em prol da liberdade dos líderes catalães encheu ruas e praças, imagem repetida em várias cidades da Catalunha

PARALISIA – Apesar de terem vencido as eleições autonômicas de 21 dezembro, pleito imposto por Madri após a intervenção que também resultou na dissolução do parlamento regional, os independentistas estão há três meses sem conseguir formar governo. Isso por conta das constantes inteferências do judiciário, que barrou as investiduras de Carles Puigdemont, reeleito deputado, e depois de Jordi Sànchez, também eleito deputado que está preso em Madri.
A audiência de hoje foi marcada pelo juiz exatamente na semana que se anunciou que as forças independentistas colocariam em votação para investidura o nome de Jordi Turull. O ex-secretário da Presidência e ex-porta-voz do governo Puigdemont participou da primeira sessão de investidutra ontem e estava convocado para a segunda rodada, que será realizada na manhã deste sábado mesmo com o candidato na prisão. Turull não havia superado a primeira votação por conta da absteção dos quatro deputados independentistas do partido antissistema Candidatura de Unidade Popular (CUP), que exigiram um programa de governo com planos efetivos para implementação da república.
Com toda a indignação levada às ruas, resta saber se os independentistas, que têm se mostrando desunidos desde a intervenção e vêm atuado com estratégias diferentes, vão conseguir responder ao clamor das ruas e fazer front à repressão do governo espanhol.

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