Pedro Sánchez desbanca Rajoy e é novo primeiro ministro da Espanha

Líder do PSOE assume cargo de primeiro ministro da Espanha após aprovar moção de censura no Congresso contra Mariano Rajoy (PP)

Cara a cara: Pedro Sánchez é saudado por Rajoy após vencer moção de censura e sagrar-se primeiro ministro espanhol

Pedro Sánchez, 46, é o novo primeiro ministro da Espanha. A ascensão do líder do Partido Socialista Obrero Espanhol (PSOE) se concretizou na manhã desta sexta-feira, no Congresso dos Deputados, após aprovação por 180 votos da moção de censura contra o então ocupante do cargo, Mariano Rajoy, do Partido Popular (PP).
Foi a primeira vez na história recente do país que triunfa uma moção de censura. O feito foi possível com os votos de Podemos, Compromisso, ERC, PDeCAT (independentistas catalães), Bildu y PNV (bascos). A posse de Sánchez está marcada para este sábado e é possível que na próxima semana já tenha sua equipe de ministros trabalhando.
Entre aplausos e gritos de “sim se pode”, Sánchez celebrou a nomeação após a votação. Seu já antecessor, Mariano Rajoy, foi o primeiro a felicitar-lhe. Se aproximou do seu assento no parlamento e lhe deu um aperto de mão. Depois, Sánchez saudou a presidenta del Congresso, Ana Pastor, e abraçou a Pablo Iglesias, líder de Podemos. O novo primeiro ministro, a quem todos os deputados de seu grupo queriam felicitar, demorou mais de 15 minutos para deixar o hemiciclo de onde a bancada socialista lhe ovacionava.
Sánchez entrou com o pedido de trâmite da moção de censura na sexta-feira pasada (25), depois da divulgação do resultado da sentença do caso Gürtel, que condena o ex-tesoureiro do PP Luis Bárcenas a 33 anos de prisão. Os socialistas conseguiram de imediato o apoio de Podemos. Ontem conseguiu o apio do PNV vasco e dos independentistas catalães, através de ERC e PDeCAT.
Até ontem pairava a dúvida se conseguiria os cinco imprescindíveis votos do PNV, logro obtido após a promessa de que manterá o orçamento aprovado pelo PP para o País Vasco na quarta-feira da semana passada. O partido de Rajoy havia destinado mais de 500 milhões de euros para os bascos.
Outros votos importantes foram obtidos de ERC e PDeCAT, partidos independentistas catalães. Esses incialmente sem nada em troca, mas nos bastidores se espera que Sánchez estenda a mão ao diálogo sobre a Catalunha que Rajoy se negava a abrir.
RITO – O debate da moção de censura começou onte, com um Rajoy seguro e agressivo no debate com Sánchez. O líder do PP fez um discurso considerado brilhante por seus aliados na última tentativa de “salvar os móveis da casa”. Mas perdeu o ânimo quando soube que o PNV não lhe daría apoio. Depois disso, foi almoçar em um restaurante, onde permaneceu toda a tarde acompnhado de sua equipe mais próxima sem voltar para o turno de debates da tarde.
Na manhã de hoje, chegou ao Congresso às 10h30 (5h30 no horário de Brasília) e fez um discurso de despedida. “Aceitarei como demócrata oresultado da votação e quero ser o primeiro a felicitar Sánchez”, disse. Também manifestou que foi “uma honra ser presidente e deixar uma Espanha melhor do que encontrei”. “Oxalá meu sucesor possa dizer o mesmo. Desejo isso por bem dos espanhois”, finalizou.
Na mesa do novo presidente Sánchez já há dois compromisos claros: manter o orçamento aprovado na semana passada pelo PP para o próximo ano e criar um governo paritário no qual haverá o mesmo número de homens e de mulheres. O primeiro ministro socialista também sinalizou o desejo de dialogar com o presidente da Catalunha, Quim Torra, e de manter conversas com todas as comunidades autónomas espanholas.
Durante a semana prévia ao debate da moção de censura, Sánchez prometeu também que convocará eleições antecipadas, mas não há definido data. Ao PNV, artífice de sua vitória, não interessa que se adiante a campanha eleitoral. Comenta-se que aos socialistas tampouco. Agora Sánchez tem por diante um tempo para governar e marcar perfil próprio. O mais importante neste momento é tentar atrair o eleitorado que segundo as recentes pesquisas tende a dar apoio a Albert Rivera, de Cidadãos, que por hora ficou fora do jogo ao manter-se ao lado de Rajoy.

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