Viggo Mortensen arremete contra Vox, partido de ultradireita espanhol, por uso da imagem de Aragorn

Em carta publicada no jornal El País, ator da saga O Senhor dos Anéis, classifica de “ignorante” o partido por associar o personagem a um grupo político xenófobo de ultradireita

 O ator Viggo Mortensen, que interpreta o personagem Aragorn na triologia O Senhor dos Anéis, arremeteu contra o partido espanhol Vox em carta publicada pelo jornal El País. Mortensen se irritou com o fato da sigla de ultradireita utilizar a imagem de Aragorn em uma montagem no Twitter, na qual incentiva a “batalha” contra as mulheres, os gays, a imprensa e os independentistas catalães.   

A publicação, postada no perfil da sigla no dia 28 de abril, quando se celebraram as eleições para o Congresso, mostrava Aragorn segurando uma espada em posição de ataque, com uma bandeira da Espanha nas costas e o símbolo de Vox. Na sua frente, os inimigos, representados por ícones dos grupos contra quem o partido “lutava nas urnas” em lugar de um exército de Orcs.

“Há de ser bastante ignorante para pensar que o uso do personagem Aragorn para promover a campanha eleitoral de um partido xenófobo de ultradireita como Vox seria uma boa ideia”, rebate na carta. O ator considerou “ridículo e absurdo” que se vincule a imagem do personagem a Vox, que se define como “ultranacionalista” e “neofascista”. Ainda mais quando ele, que representa o personagem, é uma pessoa interessada “na rica variedade de culturas e de idiomas que existem na Espanha e no mundo”.

Além disso, o ator recordou que o personagem “é um estadista poliglota que advoga pelo conhecimento e a inclusão das diversas raças, costumes e línguas da Terra Média”, o que ao seu ver se contradiz com um grupo político “anti-imigrante, anti-feminista e islamofobo”. “Acharia graça de sua torpeza, mas Vox entrou no Congresso com 24 cadeiras, não é uma piada, e é preciso estar atentos e proativos, como Aragorn na saga de Tolkien”, completou Mortensen. O ator  é sócio da entidade catalã Òmnium Cultural, cujo presidente, o ativista Jordi Cuixart está preso há um ano e meio sob a acusação de rebelião pela organização de manifestações independentistas na Catalunha e passa por julgamento em Madrid no qual Vox atua como acusação popular.

A Warner Bros, que produziu a saga, também não gostou do uso político do personagem. “Warner Bros não autorizou o uso da nossa propriedade intelectual para nenhuma campanha política”, publicou há dias atrás no Twitter.

Vox já havia tido problemas com o cantor Coque Malla em outubro de 2018, quando o partido liderado por Santiago Abascal utilizou sua canção “Não posso viver sem ti” em um ato político. Em mensagem publicada no Facebook e no Twitter que se tornou viral Malla explicou que a canção representa a relação homossexual entre dois homens que sofreram muito por culpa da intolerância e da estupidez homófoba.

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