Fotógrafo americano troca supermodelos pela beleza das diferenças genéticas

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A albina Christine fez Ricki Guidoti mudar seu conceito sobre beleza

Para os fotógrafos acostumados com o mundo das passarelas e editoriais de moda, a beleza está na imagem das supermodelos, certo? A resposta é não se a pergunta for feita para o americano Ricki Guidoti, idealizador do projeto Positive Exposure (Exposição positiva, em tradução literal), que toca há 20 anos. Ele encontra o belo nas pessoas que convivem com síndromes raras, como relata o documentário On Beauty, lançado há poucas semanas no circuito comercial dos Estados Unidos. Antes, ele tinha como clientes a grife Yves Saint-Laurent, a gigante L’Oréal e a revista Harper’s Bazaar.

A história de Rick Guidotti, que se incomodava com os rígidos parâmetros do setor de moda, também é tema de reportagem da BBC (Leia a versão original em inglês no site BBC Culture e em português no link aqui). Ele diz que não gosta de lugares-comuns e esconde seu entusiasmo em retratar a “beleza estonteante” de pessoas que convivem com síndromes raras.  Como o menino italiano Simone, que tem síndrome de Down, ou Caleb, que nasceu na Libéria, foi adotado por uma família americana, e sofre de nanismo. Ou Tatyana, que convive com a síndrome dos nervos melanocíticos congênitos, estuda música e artes dramáticas em Nova Iorque.

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Tatyana convive com a síndrome dos nervos melanocíticos congênitos

No documentário sobre o fotógrafo, a cineasta Joanna Rudnick conta como Guidotti abandonou uma bem-sucedida carreira como fotógrafo de moda e começou a registrar crianças com diferenças genéticas aparentes.

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Simone tem Síndrome de Down

“Sempre me disseram o que deveria ser bonito. Eu era obrigado a ver a beleza apenas nas capas de revistas, mas a percebia em tantos outros lugares”, conta, ao dizer que não simplesmente deixou de fotografar supermodelos para fotografar condições genéticas. “Eu nunca retrato uma doença genética – eu só retrato a beleza, só retrato pessoas, explica.”

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Caleb sofre de nanismo

Ele conta que a  motivação para mudar o foco veio de um encontro casual com uma jovem albina, em 1997. “Ela era linda, mas eu percebi que nunca se incluiria no padrão de beleza exigido das modelos”, conta. Pouco depois, Guidotti se ofereceu para fazer um ensaio para a principal organização de pacientes com albinismo dos Estados Unidos.

 “A primeira garota que eu fotografei, Christine, era muito bonita, mas chegou ao meu estúdio de cabeça baixa, ombros encolhidos, sem me olhar diretamente”, lembra. Em respeito à sua beleza, tratei-a como tratava as modelos. Liguei o som, acionei os ventiladores e ela explodiu com esse sorriso, erguendo a cabeça e se soltando”.

As primeiras imagens foram tema de capa da revista Life, em 1998. No documentário, a ex-editora Isolde Motley lembra de seu primeiro contato com a obra de Guidotti: “Na hora pensei: ‘Nossa, isso aqui realmente coloca as convenções de cabeça para baixo. Até então, as revistas só mostravam os ricos e famosos a cores e sob uma iluminação favorável, enquanto as pessoas comuns eram retratadas em preto e branco, com luz natural, de maneira a mostrar suas imperfeições.”

Guidotti não dá um tratamento sofisticado a suas imagens. “Não estou tentando enquadrar esses jovens no padrão de beleza convencional, mas, sim, criar outro padrão, no qual as diferenças são celebradas e a beleza é inclusiva”, afirma.

Em 1998, o fotógrafo fundou a ONG Positive Exposure, que tenta transformar a percepção que se tem de pessoas com diferenças físicas, genéticas e comportamentais.“Nas fotos médicas, você só vê imagens cruéis de doença e sofrimento, mas quando conhece essas pessoas, você vê amor, esperança e talento – são apenas crianças”, descreve Guidotti. “Perdemos muito quando viramos as costas para elas.”

One thought on “Fotógrafo americano troca supermodelos pela beleza das diferenças genéticas

  • 23 de agosto de 2015 em 21:02
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    Muito legal! Adorei seu blog e suas dicas, sempre mostrando as novidades
    beijoos

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