Barcelona e Madri empatam em um clássico marcado pelo protesto do Tsunami Democrático

Protesto contra condenação de líderes catalães leva conflito independentista ao centro do noticiário mundial durante partida entre Barcelona e Madri 

Cartazes pedindo que Espanha sente e dialogue sobre conflito na Catalunha encheram as arquibancadas do Camp Nou

O clássico entre o Barcelona e o Real Madri, que acabou em 0X0 pela primeira vez em 17 anos, aconteceu sob tensão dentro e fora do Camp Nou, na capital catalã, em função protesto convocado pelo Tsunami Democrático em defesa dos líderes políticos catalães condenados pelo processo independentista e em solidariedade aos que estão no exílio. A ação organizada através da internet, para qual milhares de pessoas confirmaram a presença, começou às 16h desta quarta-feira, quatro horas antes do início do jogo, com um efetivo policial gigantesco. Três mil agentes dos Mossos d’Esquadra, a polícia local, e 500 da Polícia Nacional cercaram as imediações do estádio, onde durante a partida houve confronto com manifestantes com queima de conteiners.

Os manifestantes começaram a se concentrar pontualmente, a partir das 16h. A polícia já estava a postos nas imediações e nas entradas do estádio. Pelas redes sociais, o Tsunami Democrático ia indicando os passos a seguir. A primeira ação foi distribuir cem mil cartazes com a inscrição “Spain, sit and talk” (Espanha, sente e dialogue). Fora e dentro do Camp Nou os cartazes se espalharam, apesar do controle policial.

As equipes do Barcelona e do Madri chegaram bem antes do início da partida, escoltados pela polícia. O trânsito na Avenida Diagonal, uma das mais importantes da capital catalã, foi fechado pelas equipes de segurança.

O número de pessoas foi aumentando no entorno do estádio, à espera das orientações do Tsunami, que através dos seus canais na internet informou que não tinha intenção de impedir a partida, como noticiaram alguns meios de comunicação espanhóis, e que se tratava de um movimento pacífico.

Antes de entrar no estádio, os mais de 94 mil torcedores que compareceram à partida, foram exaustivamente revistados. Isso não impediu que fossem exibidos os cartazes distribuídos nem que no minuto 55 do jogo diversos torcedores jogassem bolas amarelas dentro do campo.

Bolas amarelas, cor em solidariedade aos líderes catalães presos, foram jogadas dentro do Camp Nou, durante o manifesto do Tsunami Democrático

Neste momento se espalhou pelo estádio gritos de “liberdade presos políticos”, ecoando por todo o entorno do Camp Nou. A partida foi interrompida por alguns minutos, mas logo foi retomada.

Distúrbios entre policiais e manifestantes no entorno do Camp Nou acabaram em muitas barricadas com contêiners queimados

Do lado de fora, começaram os distúrbios entre manifestantes e a polícia. Contêiners foram queimados nas imediações e a polícia reagiu com violência, atirando contra a multidão com as chamadas balas de foam. Os serviços médicos registraram 46 feridos e se noticiou que nove pessoas foram detidas.

Ao final da partida, os torcedores tiveram que sair pela ala sul do estádio, por conta do fechamento dos portões que davam para as ruas onde estavam havendo os protestos.

A ação do Tsunami Democrático (Tsunami Democràtic em catalão) mobilizou a imprensa local e internacional durante semanas, visto que a ação foi convocada previamente há dois meses. E chegou ao seu auge hoje por conta da expectativa do que poderia acontecer e em função da grande mobilização cidadã e do aparato policial montado.

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