Catalunha conseguirá aval para declarar independência? No domingo, eleitores responderão

Seremos livres
“Seremos livres”, afirmam os catalães que defendem a independência

No Brasil, pouco tem se noticiado sobre o processo soberanista em curso na Catalunha. Mas na Europa o tema tem sido destaque diário na mídia por conta do aumento da possibilidade real de criação do novo país. Os partidos que defendem a separação da Espanha ganharam terreno e segundo as últimas pesquisas devem sair vencedores das eleições do próximo domingo, 27 de setembro.

Quando se votará não apenas nos novos ocupantes das cadeiras do Parlamento da Catalunha, mas para avalizar a abertura de um processo constituinte que culmine com a proclamação da república.

Por conta disso, o primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, do partido Popular, e sua equipe de governo, vem cerrando fileiras para desestimular os eleitores catalães a votar na coalizão Juntos pelo Sim. Que tem entre os cabeças de chapa o presidente da Catalunha, Artur Mas, do partido Convergência Democrática de Catalunha (CDC), e Oriol Junqueras, da Esquerda Republicana E respaldo da Assembleia Nacional Catalã (ANC) e da Òmnium Cultural, representantes da sociedade civil, cujas candidatas são Carme Forcadell e Muriel Casals, respectivamente. A coalizão, que tem à frente da lista o ex-eurodeputado Raul Romeva, tem resistido às investidas do governo espanhol e reunido cada vez mais gente nos seus comícios.

Espanha somos todos
Defensores de uma “Espanha unida” vem usando várias estratégias para demover eleitores catalães em votar no “sim”

Rajoy tem usado várias estratégias contra os defensores da separação. A última declaração do primeiro ministro, dada em entrevista a Rádio onda Cero, de Madri, esta semana, foi de que em caso de independência os catalães perderiam a cidadania espanhola e europeia, quando a Constituição da Espanha garante que esse direito não pode ser retirado dos nascidos no país.

Na terça-feira, 22, o presidente do Banco Central Espanhol, Luis Maria Linde, afirmou que existe o risco de “corralito” caso a Catalunha se torne independente. Desta forma, os catalães ficariam impossibilitados de aceder plenamente às suas contas bancárias, tal como aconteceu na Argentina em 2001 e na Grécia em julho. A ameaça foi classificado por Artur Mas como “imoral, indecente e de uma irresponsabilidade imensa”.

Na sexta-feira passada (18), a Associação Espanhola de Bancos (AEB) e Confederação Espanhola de Caixas de Poupança (CECA), que entre os associados tem o Santander, CaixaBank e BBVA. divulgaram comunicado oficial no qual levantaram a possibilidade de fecharem suas agências na Catalunha.

O governo espanhol também tem propagado que em caso de independência, a Catalunha ficará automaticamente excluída da União Europeia e da zona do euro. O que não foi confirmado nem negado pela Comunidade Europeia.

O medo da fragmentação levou o rei Felipe VI a uma audiência com o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. Que declarou que quer continuar a contar com uma Espanha “forte e unida”, mas se absteve de falar sobre o processo soberanista ou se posicionar a favor ou contra os independentistas.

O tema também tem motivado “defesas” editoriais de um lado e de outro. Os jornais baseados em Madri, a exemplo de El País (www.elpais.es), El Mundo (www.elmundo.es) ABC (www.abc.es), vem publicando textos e reportagens contra a independência. Posição semelhante do Financial Times, que declarou acreditar “que a independência não é do interesse da Catalunha, da Espanha e da União Europeia.” Em sentido oposto, o jornal ARA (www.ara.cat) e o diário digital Vilaweb (www.vilaweb,cat) contra-argumentam. Para o ARA, “uma Catalunha independente é o projeto mais regenerador, também para Espanha e para a Europa”.

No próximo domingo, saberemos para que lado pendem os catalães. As cartas estão na mesa.

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