Exército grego, turco e neonazistas encurralam refugiados na fronteira

Migrantes que tentam chegar à Europa através da fronteira entre Turquia e Grécia estão sendo vítimas de violência policial e agora ameaçados por grupos de extrema direita

Milhares de refugiados que saíram da Turquia em direção à Grécia estão encurralados pelos dois lados. Além de enfrentarem as forças de segurança gregas, agora estão sendo ameaçados por grupos de neonazistas. Quem tenta voltar atrás vai topar com mais de mil soldados enviados pelo governo turco para evitar a passagem dos migrantes. A nova crise de refugiados na Europa começou no último dia 27 de fevereiro quando a Turquia anunciou a abertura da fronteira com a União Europeia (EU).

A abertura da fronteira para os refugiados que fogem da guerra da Síria seria uma forma do presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdoğan, pressionar a Comunidade Europeia a dar apoio as suas tropas na Síria, onde atua no ataque aos curdos. Como vem sofrendo baixas no conflito, Erdoğan quebrou o acordo que tinha com a EU de abrigar os refugiados em seu território, que havia sido pactuado na crise migratória de 2015.

As notícias da situação dos refugiados são terríveis. Os que se deslocam pelo mar têm sido recebidos com agressividade pela Guarda-costeira grega, como mostramos aqui na no post Grécia ataca refugiados no Egeu com tiros, golpes de arpão e tentativa naufrágio. Os que tentam entrar na Europa via Bulgária ou Grécia também estão sendo enxotados por forças armadas, que têm atacado os grupos de migrantes com gás lacrimogênio, disparos com bola de borracha e até tiros de bala.

A travessia se tornou ainda mais perigosa porque os grupos de neonazistas que atuaram na crise migratória de 2015 estão se reorganizando e convocando voluntários para impedirem a passagem dos refugiados. Com lemas e hashtags como #niewieder2015 (NuncaMais2015) e #IstandwithGreece (ApoioAGrecia), estes grupos de ultradireita lançaram um vídeo nas redes sociais pedindo que movimentos similares se desloquem até a fronteira com a Turquia.

Algumas dezenas de neonazistas já começaram a divulgar imagens na fronteira com bandeiras e cartazes que anunciam aos refugiados que “de nenhuma maneira farão da Europa casa sua”. Na Grécia, contam com o apoio do partido Alba Dourada, nacional socialista, formação extra parlamentária desde 2019. Diferentes meios de comunicação europeus já publicaram denúncias de ataques contra refugiados na fronteira por parte de extremistas de direita.

A associação “Os austríacos” fez igualmente um chamado para voluntários se deslocarem à fronteira e ao mesmo tempo lançaram uma petição on-line para recolher 20 mil assinaturas. Eles pedem à união Europeia coloque fim ao orçamento da política migratória, reforce a segurança nas fronteiras, deporte imediatamente os refugiados e suspenda com a política de reagrupamento familiar. Em poucos dia, conseguiram 10 mil assinaturas ao manifesto.

Do lado turco, o ministro do Interior, Süleyman Soylu, anunciou hoje que está enviando mil agentes de unidades especiais da polícia da fronteira com a Grécia para evitar a devolução de refugiados que estão tentando chegar à Europa. “Grécia tentou devolver a Turquia 4,9 mil pessoas. Falamos com o exército e enviaremos este contingente para impedir o retorno. Estarão equipados e orientados a que não deixem estas pessoas serem maltratadas”, remarcou, ao acrescentar que tais devoluções estão sendo feitas em violação à legalidade internacional”.

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