Vacina(s) à vista

Por Cesar Vanucci *

Por que o pessoal não se junta pra apressar a solução do angustiante problema? (Pergunta ouvida num bate-papo domingueiro em que o médico infectologista explicava para familiares o estágio atual das pesquisas referentes à vacina contra o coronavirus)

· As buscas pela vacina. Na tradicional reunião domingueira, o avô, médico infectologista renomado, explica a familiares o que anda pintando no pedaço científico, no que concerne ao “resfriadozinho”. O relato passado vem resumido na sequência. A OMS assevera que a solução do baita problema do coronavírus vai custar a chegar. 

A Rússia anuncia para outubro a aplicação em massa de providencial vacina. No Reino Unido, proclama-se que a Universidade de Oxford está próxima do antídoto capaz de debelar o flagelo. As pesquisas a respeito, bem avançadas, envolvem inclusive participação de brasileiros. Ainda em nosso país, está sendo desenvolvida, igualmente em estágio de testes com voluntários, uma outra pesquisa coordenada por órgão científico chinês.

O governo de São Paulo admite mesmo que um remédio preventivo possa ficar pronto a partir de outubro. Nos Estados Unidos, onde várias organizações se empenham em promissoras investigações que levem a próximo lançamento de medicamento eficaz, o Presidente Donald Trump, com sua costumeira arrogância imperial, berra a plenos pulmões estar apto a oferecer, como já quis fazer(ou fez) no tocante às encomendas emergenciais de respiradouros, imbatível lance para eventuais aquisições de toda a produção disponível de vacina que surja em qualquer lugar do mundo.

Levantamento recente anota serem em número de 161, mundo afora, os grupos febrilmente engajados em alentadoras buscas da fórmula farmacêutica em condições de libertar a humanidade da pandemia.

Neste exato momento da dissertação do avô médico, o neto Expedito, 21 anos, estudante de Ciências Sociais, agilidade de raciocínio fazendo jus ao nome, toma da palavra e deixa cair: – “Cumé? Isso mesmo, 161 grupos de pesquisa? Escuta aqui: não seria mais prático, mais objetivo e eficiente, mais condizente com o bem-estar social, reunir num único lugar os melhores cérebros de todas essas equipes pra uma ampla, geral e irrestrita troca de informações sobre o que sabem e, assim, conjuntamente, chegarem mais rapidamente à solução que todos procuram separadamente?”

O avô, com o queixo apoiado na mão em gesto pensativo, responde: – “Falar verdade, não sei o que dizer”.

Expedito retorna: – “Quer saber duma coisa, minha gente? Do que o mundo anda mais precisado – é só botar tento nas mazelas soltas na praça – é de uma vacina potente pra acabar com o egoísmo, a soberba e a insensatez…” Nada mais disse, nem lhe foi perguntado.

·  Ajuda emergencial. O auxílio emergencial concedido pelo governo, apesar dos pesares, derivados da inadaptação burocrática para prestação de um atendimento menos tumultuado aos beneficiários, tem contribuído, sem sombra de dúvida, para reduzir o sufoco financeiro da parte socialmente mais vulnerável da população. Já, agora, o esquema de socorro montado com o objetivo de suprir carências imediatas das pequenas e médias empresas, não conseguiu, jeito maneira, engrenar.

Bastante razoável na teoria, consideradas as circunstâncias confrontadas pelos empreendedores neste aflitivo instante econômico e social, a ajuda em questão está demorando a chegar aos interessados. As dificuldades provêm, em grande dose, dos arbitrários “prolegômenos” concebidos pelo sistema bancário para liberação dos recursos. A rede creditícia, só pra variar, procura distanciar-se, o mais que pode, de compromisso formal e permanente com a promoção social.

Reserva prioridade absoluta para os números, sempre ascendentes, dos balanços trimestrais. Tal conduta em nada contribui para “aliviar a barra” de setores produtivos que respondem por volume altamente expressivo na ocupação laboral. Cabe lembrar, focados ainda na política de créditos e financiamentos, que não tem repercutido, nos termos desejáveis, nos guichês das agências bancárias, o correto esforço oficial em favor da redução da taxa Selic.

Este instrumento regulador do mercado financeiro acha-se situado, na atualidade, no mais baixo nível do ciclo histórico. Nada obstante, os tomadores de empréstimos continuam sendo onerados, nas operações, por escorchantes juros. Não é a toa que os negócios, nestas bandas ao sul do Equador, proporcionam ao sistema bancário os mais estrondosos resultados. Coisa de dar “santa inveja” nos dirigentes das organizações congêneres doutras paragens.

O jornalista Cesar Vanucci (cantonius1@yahoo.com.br) é colaborador do Blog Mundo Afora

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