Massacre de Melilha: negros assassinados são ignorados pela União Europeia

Execução de mais de 40 imigrantes que tentavam chegar à Espanha na fronteira em Melilha gera protestos na Espanha que acolhe ucraniamos. Cor da pele é tida como barreira

É difícil escrever sobre o masacre de Melilha, na Espanha. Os corpos negros mortos, uns sobre os outros, e os gestos dos que ainda resistiam em viver, após a ação policial da Polícia do Marrocos para impedir o acesso ao território espanhol, atingem o coração. Além disso, revelam uma cruel realidade: é diferente ser um imigrante branco que foge da guerra, como os ucranianos, recebidos sem entraves – toda solidariedade a eles – a um imigrante negro que tenta escapar da mesma violência vindo de uma país africano. A balança é desigual. Acobertura da mídia idem. Os nossos olhares complacentes, inócuos. A reação dos governos, inversamente desproporcional.

A fala do primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, de um partido tido como esquerda, após a divulgação do massacre, para louvar a ação da polícia marroquina, em nome da unidade teritorial, que resultou em mais ou menos 40 mortes, é inacreditável. Sánchez elogia a ação em nome da integridade territorial da Espanha, sem lembrar das suas promessas de campanha de rever a política imigratória do país.

Diante desta tragédia, no final de semana foram registrados protestos em diversas cidades espanholas. As manifestações ecoaram pelas redes sociais, contudo, não houve amplificação entre muitos dos políticos da coalizão governista.

Entre as vozes que se manifestaram para denunciar o massacre, está a deputada Maria Dantas, brasileira que foi eleita pelo partido Esquerda Republicana de Catalunha (ER). No seu perfil no Twitter, ela fez diversas postagens sobre o ocorrido e chamou a atenção sobre o racismo contra as pesssoas que fogem dos conflitos na África.

Questão que foi levantada por muitos outros comparando o tratamento não apenas do governo espanhol, mas também da União Européia, em relação aos imigrantes que chegam da Ucrânia e os que fogem das guerras na África. Um bom motivo para refletir.

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