Yitzhak Frankenthal, um humanista

Por Cesar Vanucci *

Perdi meu filho pelo fato de não
existir paz entre israelenses e palestinos”.
(Yitzakt Frakhentan)

Paz

O israelense Yitzhak Frankenthal é membro do seleto e invejável clube dos corações ardentes e fervorosos. Obstinado na defesa de crenças pacifistas, conserva acesa a tocha da esperança mesmo sendo forçado a encarar, o tempo todo, insanáveis situações conflitivas, ódios fratricidas, ferozes incompreensões.

Esse cidadão judeu, sionista, abonado homem de negócios, perdeu o filho primogênito há quase 20 anos de forma bastante trágica. O rapaz foi sequestrado e assassinado por radicais das fileiras do “Hamas”. Mas a incomensurável dor pela irreparável perda não se transmutou em ódio. Ao contrário, fez irromper dentro dele uma irresistível afeição à causa da Paz. “Perdi um filho querido não por culpa dos palestinos. Perdi meu filho pelo fato de não existir paz entre israelenses e palestinos”. É o que afirma sempre, com inabalável convicção, nas pregações promovidas em favor do diálogo e da conciliação.

O Instituto Arik, ong criada por Frankenthal para disseminar suas ideias, empenha-se em campanhas com motivações na psicologia social. O objetivo dessas campanhas é conscientizar a sociedade israelense da necessidade imperiosa de uma mudança coletiva de postura. “Meus compatriotas precisam reconhecer e repudiar o apego que nutrem com relação ao conflito”, assevera, acrescentando que para se conseguir a paz é preciso abrir o coração à conciliação, é preciso assumir compromissos solenes.

Numa entrevista no apreciado programa “Milênio”, da GNT, Yitzhak conta à jornalista Leila Sterenberg que procura incessantemente abrir veredas para que o ideal da convivência pacífica entre judeus e palestinos se transforme em radiosa realidade. Admite que nem sempre é bem compreendido nesses nobres propósitos. Os radicais não apreciam em nada o que faz. Vizinhos ortodoxos, adeptos como ele do sionismo, pararam de dirigir-lhe a palavra. O abnegado pacifista não considera entretanto esse o fardo mais cruel a carregar. Cruel – explica – é ter que se defrontar com o túmulo do filho. Voz solitária no princípio do trabalho a que consagrou sua vida, aglutina hoje contingente expressivo de simpatizantes dentro e fora de Israel.

Yitzhak Frankenthal assinala que são muitos os atos errôneos praticados pelo Estado de Israel contra os palestinos. Cita alguns: recusa intransigente a selar a paz; não aceitação das fronteiras estabelecidas no passado, definidas como corretas pelos dois lados; não aceitação da existência do Estado Palestino, universalmente reconhecido no concerto das nações. A solução, apontada por alguns, de um Estado único na conturbada região, de acordo com suas palavras, é puro nonsense, ridícula a mais não poder. A perspectiva de um Estado único só levará à continuidade do derramamento de sangue e acabará com Israel enquanto Estado judeu, porque a maioria da população será árabe. O maior erro praticado pelo governo israelense é permitir que a ocupação dos territórios palestinos prossiga.

Com fala serena e firme, encharcada de fé e esperança na alteração de rumos numa área sacudida pelo desvario extremista em diversificadas tendências, Frankenthal identifica-se admiravelmente com as propostas humanísticas da rica cultura hebraica. Personagem digno de todo respeito e admiração!

* O jornalista Cesar Vanucci (cantonius1@yahoo.com.br) é colaborador do Blog Mundo Afora.

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