Espanha: novas eleições ou Rajoy investido com ajuda de opositores?

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Rajoy (E) vê possibilidade de ter seu nome aprovado após renúncia forçada de Pedro Sanchez

 

O Parlamento da Espanha tem menos de 30 dias para definir o nome do presidente do governo. Caso isso não ocorra o rei Felipe VI terá o dia 31 de outubro com data limite para dissolver o Congresso e convocar novas eleições. O que obligará os espanhóis a voltarem às urnas pela terceira vez em um período de 12 meses, já que se prevê a nova rodada para dezembro.
O primeiro pleito aconteceu em dezembro de 2015 e o segundo em junho de 2016, com vitória do atual primeiro ministro Mariano Rajoy, do conservador Partido Popular (PP). Contudo, o partido de Rajoy não conseguiu eleger deputados suficientes para garantir a chancela do seu nome por mais quatro anos.

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Felipe VI aguarda novas negociações entre os partidos depois da saída de Sanchez do páreo

O que se comenta nos bastidores políticos é que Felipe VI esperará até o último momento, uma vez que se desenha a possibilidade de Rajoy fechar acordo para a investidura. O aval viria do Partido Socialista Obreiro Espanhol (PSOE), principal adversário político do PP. Que no último sábado (01) tirou do páreo Pedro Sanchez, seu candidato à presidência do governo nas duas últimas eleições e até então presidente da sigla. Sanchez renunciou ao cargo, depois de uma queda de braço com os chamados “barões do PSOE”, que sinalizam estar dispostos a facilitar a vida de Rajoy.
Felipe VI pretende dar tempo as negociações diante do novo panorama. Contudo, não pode ir mais além da última quinzena de outubro para anunciar uma nova rodada de conversas com os representantes dos partidos com maior número de votos. Isso porque terá que ter tempo para convocar o pleno de investidura dentro do prazo legal. O mais provável é que Felipe VI convoque os partidos a partir de 17 de outubro para possibilitara convocatória de da sessão de investidura na última semana de outubro.
BLOQUEIO – A investidura ao governo espanhol está bloqueada desde dezembro passado, quando houve as primeiras eleições gerais. Rajoy venceu, mas sem eleger os 176 deputados necessários à reeleição. Sem acordo, o parlamento espanhol foi dissolvido pelo Rei Felipe V, e convocado novo pleito, realizado em junho. Rajoy ganhou outra vez, mas ainda sem a maioria necessária.
Pedro Sanchez, que ficou em segundo lugar nos dois pleitos, se negava a conceder os votos do PSOE ou recomendar a abstenção, o que permitiria a investidura de Rajoy. Tentava costurar acordos para se tornar primeiro-ministro. Para isso além dos votos do esquerdista Podemos, ainda teria que pactar com os independentistas catalães, que colocavam como condição a aprovação do novo governo de um referendo sobre a independência.
Cortando a cabeça de Sanchez e dando passo a um candidato de direita, cujo partido vem sendo envolvido sucessivamente nos últimos anos em escândalos de corrupção, o PSOE abandona sua tradição socialista e se apequena. A crise no partido, com os membros da executiva expondo suas divergências em público, se estendeu por mais de uma semana, culminando com a fatídica reunião do sábado, quando Sanchez se viu obrigado a renunciar.

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