Novo ministro da Justiça do Brasil: doutor na Espanha em estudos sobre… corrupção institucional?!
*Por Flávio Carvalho
“Brasil. Mostra a tua cara. Quero ver quem paga pra gente ficar assim” (Cazuza)
Conheci aqui na Espanha, quando ele estudava na Universidade de Salamanca, o substituto do juiz-exministro-golpista-eternocandidatoapresidentemoro (USAL). Não acredito em coincidências. Sou dos que acham que as coisas acontecem quando devem acontecer.
Quando todo o mundo olha pro Ministério da Saúde, sob a primazia do Ministério da Economia, o mais recente golpe bolsonarista, em cima dos “distraídos” recai exatamente sobre a Justiça.
Naquele momento (anos atrás), aqui na Espanha, tive o prazer em conhecê-lo, o estudante de pós-graduação Luiz de Almeida Mendonça. Estudava, com profundidade e rigor científico o fenômeno da corrupção institucional no Brasil, em análises comparativas com outros países.
Trabalhava em grupo. E publicava artigos excelentes (em minha opinião) em coautoria. Acabei de perguntar a dois coautores o que achavam de sua nomeação. Evidentemente, preferem nem falar…
Agora, para meu desprazer, o Dr. Luiz jogou na lata do lixo (a da História, aquela que não perdoa), anos e anos de academicismo. Vendeu-se por sabe-se lá qual preço. Um dia virá outro pós-graduando em Salamanca e estudará o preço pelo qual se vendeu. Assim caminha a humanidade. Vendeu-se ao pior genocida (entrará para o grupo ao qual a História, aquela, não perdoa) da história recente do nosso amado país.
O Brasil que até no genocídio perde o posto de primeiro lugar e fica em segundo entre todos os países do Mundo que mais sofrem com o Coronavírus: entre todos os países, só perdemos pros Estados Unidos. E mais que a China. Aquela que Trump, o padrinho do chefe do Dr. Luiz tanto critica.
No seu primeiro depoimento, o doutor em Estudos da Corrupção, o novo Ministro da Justiça, tentou desmentir o chefe corrupto: afirma não ter sido nomeado por ser “terrivelmente evangélico” e sim por ser um “simples técnico”. Deu de cara com quem? Com Paulo Freire, aquele que Bolsonaro odeia: “Nem mesmo a técnica possui um simples aspecto neutro; tudo é política”, dizia Freire. Não confundir com politicagem, onde o novo ministro acabou (será que ele não sabe?) de se meter. No pior lugar, no pior momento.
Definitivamente, há coisas que a vida ensinam mais que a academia.
O Dr. Luiz é maior de idade, estudou muito, e sabe muito bem a quem está servindo. Quando milhões de brasileiros estão nas suas casas, refletindo sobre a melhor ou pior forma de pedir desculpas por haver votado ou apoiado este presidente genocida, Dr. Luiz dirige-se ao erro. Vai na contramão da História (aquela, de novo).
Pra quem quiser copiar as próprias palavras do novo ministro, de quando o conheci, fazendo mestrado e doutorado em Salamanca, recomendo aqui os seus textos (acessíveis nos links ao final). Tenho a sensação de que vamos precisar citar suas próprias palavras, com frequência, daqui pra frente.
Se esse governo não cair logo. Que é o que sinceramente não esperarei: lutarei para que isso aconteça, urgente.
À luta, Brasil. Dr. Luiz, que decepção.
Aquele abraço.
Flávio Carvalho é sociólogo e vive em Barcelona (@1flaviocarvalho @quixotemacunaima)
Este texto está dedicado a memória do meu amigo Genival, Cazuza (o de Olinda, recentemente falecido). Com ele lutamos contra as corrupções. Por ele seguiremos lutando.
https://www.academia.edu/42630386/El_principio_de_validez_de_la_prueba_en_casos_de_corrupci%C3%B3n