Congresso ratifica vitória de Biden em meio ao ocaso turbulento da era Trump
Assalto ao capitólio por seguidores de Trump, com mortes, presos e feridos atrasou, mas não impediu vitória do democrata no Congresso. Em meio ao caos, perdeu a democracia
O mundo assistiu estarrecido à invasão do Capitólio em Washington pelo apoiadores de Donald Trump, que como ele não aceitaram a derrota para Joe Biden e Kamala Harris. O caos provocado nas horas que duraram o assalto, com quatro mortes e feridos, mostrou que o final da era Trump está sendo tão difícil quando o mandato do homem que governou nos últimos quatro anos os Estados Unidos à base de mentiras e ódio.
O assalto atrasou a sessão do Congresso iniciada na quarta-feira, 6 de janeiro, suspensa em função da violência perpretada na casa dos deputados norte-americanos pelos ultra-direitistas. Mas não impediu que hoje a vitória eleitoral do democrata Biden fosse ratificada.
O dia de ontem jogou pelos ares democracia na América. Por cerca de três horas, extremistas de direita de vários tipos – vestidos com peles de animais ou como paramilitares – cercaram o Capitólio. A escalada da violência adquiriu dimensões preocupantes, desencadeando reações de lideranças internacionais de todo o mundo. O republicanismo norte-americano foi chamado à condenar os acontecimentos e abraçar a democracia tão enaltecida no país.
Os trumpistas quebraram vidros e cem deles invadiram o edifício, deixando para a história imagens como a de um extrema-direita sentado com os pés sobre a mesa do gabinete de Nancy Pelosi, a presidente da Câmara dos Deputados. A democracia americana cambaleou e a revolta ganhou o tom de uma tentativa de golpe que, até agora, além dos quatro mortos, deixou cerca de vinte policiais feridos e 52 detidos.
Enquanto Biden esperavar a retomada a votação para consolidar sua vitória eleitoral e exigia justiça e democracia e pedia à “máfia” de extrema direita que abandonasse a violência, Trump publicou um vídeo nas redes sociais. Nele mantinha o argumento de fraude eleitoral e indiferentemente pediu aos seus seguidores que se manifestassem pacificamente.
No entanto, a ambigüidade do líder republicano foi o início do fim de seu apoio. O que resultou numa onda de pedidos de em sua equipe. Mike Pence, seu vice-presidente, também lhe deu as costas, chamando a postura imóvel de “antiética”.
A ação policial, criticada por muitos, finalmente, foi capaz de conter os manifestantes e desalojar os extremistas, possibilitando a retomada das votações. Assim, as objeções levantadas por Trump na Câmara dos Deputados acabaram sendo rejeitadas pelos democratas e parte dos republicanos.
MUDANÇA – Após a ratificação do Congresso da vitória de Biden e Harris, Trump mudou sua posição. Comenta-se que por estar cada vez mais isolado no seu partido e ambiente mais próximo. Agora, garante que facilitará “uma transição ordeira” na Casa Branca.
No entanto, a forma como Biden conquistou o reconhecimento do Congresso dá sinais que seu mandato será marcado por um cenário turbulento. Analistas políticos asseveram que Trump deixará a Casa Branca, mas as cenas da inaudita quarta-feira mostram que a hostilidade do trumpismo vai continuar nas ruas. Uma pesquisa da empresa YouGov revela que quase metade dos eleitores republicanos apóia a escalada da violência que houve no Capitólio, o que é bastante preocupante.