Espanha pede para aderir ao mapa do multilinguismo da União Europeia pressionada por independentistas catalães
Na solicitação à União Europeia, fruto de acordo para eleger a mesa do Congresso espanhol, Espanha pede para incluir o catalão, o galego e o basco como línguas oficiais na Europa
A Espanha solicitou que o galego, o basco e o catalão se tornem línguas oficiais e de trabalho na União Europeia. O movimento não é trivial, pois foi uma das reivindicações que os partidos nacionalistas colocaram na mesa para apoiar a investidura da socialista Francina Armengol para presidir a Mesa do Congresso dos Deputados, ocorrida no último 17 de agosto em extremis.
Embora a medida se limite ao Conselho Europeu (não afeta a Comissão nem o Parlamento) representa um passo simbólico para o reconhecimento destas línguas no grupo das línguas faladas na União Europeia. E a Espanha não é pioneira em dar esse passo.
Dos 27 estados membros da União, cinco têm atualmente uma ou mais línguas oficiais reconhecidas: Finlândia (finlandês e sueco), Irlanda (irlandês ou gaélico e inglês), Bélgica (francês, alemão e holandês), Luxemburgo (alemão e francês) e Malta (inglês e maltês).
As 24 línguas faladas na União são o alemão, búlgaro, checo, croata, dinamarquês, eslovaco, esloveno, espanhol, estônio, finlandês, francês, grego, húngaro, inglês, irlandês, italiano, letão, lituano, maltês, neerlandês, polonês, português, romeno e sueco. Se acrescentarmos o catalão, o galego e o basco, seriam 27.
Conforme noticiado pelo El País, fontes europeias confirmaram o recebimento da carta do governo espanhol formalizando a reclamação. O ministro dos Negócios Estrangeiros em exercício, José Manuel Albares, explicou que o pedido não comporta “nenhuma anomalia” e minimizou a importância da decisão porque “aquelas três línguas já eram utilizadas por acordos administrativos em praticamente todas as instituições europeias”. Em seguida, Albares admite que não havia sido solicitado antes porque a manobra se enquadra no acordo da Mesa do Congresso.
Bélgica, teoria e prática multilíngue
O reino belga, para além de ser o mais multilingue com três línguas oficiais, é também um dos casos mais próximos da nova realidade parlamentar em Espanha, onde a partir desta quinta-feira no Congresso dos Deputados os seus senhores poderão intervir na língua eles preferem, desde que seja considerado co-oficial.