Terrorismo golpeia coração da Europa
Logo depois das 8h da manhã (4h no horário de Brasília) desta terça-feira, 22 de março, os meios de comunicação europeus começaram a divulgar as primeiras informações sobre as explosões no aeroporto de Bruxelas. Ainda era incerto o número de feridos e não se sabia se havia mortos. Uma hora depois, o noticiário registrava explosões na estação de metrô Maelbeek, no centro da cidade. À noite, balanço das autoridades policiais confirmava a ocorrência de pelo menos 34 mortes e o registro de mais de 200 feridos.
O atentado terrorista à Bruxelas – temido pelas forças de segurança belgas desde os ataques a Paris, em 13 de novembro passado – feriu de morte a cidade que abriga a sede da União Europeia (UE) e do Parlamento Europeu.
A autoria das explosões foi assumida horas depois pelo autoproclamado Estado Islâmico (EI), em nota divulgada através de sua agência de notícias Amaq. No comunicado, novas ameaças: “Prometemos dias negros contra aqueles que fazem a cruzada contra Estado Islâmico”. A ação ocorreu três dias depois da detenção, em Bruxelas, do jihadista Salah Abdeslam, foragido desde os ataques à capital francesa.
As primeiras imagens divulgadas pela imprensa e nas redes socais pela manhã mostravam a destruição causada pelas explosões nas estruturas no aeroporto de Zaventem e na estação de metrô, onde se via muita fumaça, corpos e gente desorientada tentando fugir. Uma procissão silenciosa de feridos era atendida do lado de fora das áreas atacadas. As autoridades mobilizaram vários ônibus para levar os passageiros afetados para o centro da cidade, e um ginásio foi preparado para abrigá-los temporariamente. O ruído das sirenes da polícia e de ambulâncias era incessante, segundo testemunhas relatavam pelas redes sociais.
As narrativas dos passageiros que se preparavam para embarcar são unânimes em citar duas fortes explosões, seguidas de nuvens de poeira e fumaça. Os acessos ao aeroporto foram fechados ao tráfego de automóveis e trens, e a região foi ocupada pelas forças de segurança depois que o Governo elevou o nível de alerta de 3 para 4, o máximo da escala.
Alguns voos que se aproximavam do aeroporto foram desviados para Liège, que geralmente só recebe aviões de carga. Outros voltaram para o seu ponto de partida. O outro aeroporto de Bruxelas, o Charleroi, reforçou a segurança. No total, mais de 500 voos foram cancelados e outros 50 foram desviados.
INVESTIGAÇÃO – As primeiras informações da polícia belga, que no início da tarde divulgou a fotos de três possíveis suspeitos, é de que os autores dos atentados dentro do aeroporto eram “provavelmente” suicidas. Um terceiro suspeito teria fugido e está sendo procurado. Uma terceira bomba, que não foi detonada, foi desativada pela polícia no local.
“Nos manteremos unidos contra os inimigos bárbaros da liberdade e da democracia”, afirmou o primeiro ministro da Bélgica, Charles Michel, em entrevista coletiva. Na vizinha França, a segurança foi reforçada e as fronteiras fechadas. Holanda e Alemanha também fecharam fronteiras e outros países do bloco europeu elevaram os níveis dos alertas de segurança para atentados terroristas.
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que está em Cuba, expressou sua solidariedade aos belgas: “Os pensamentos e orações dos norte-americanos estão com o povo belga e nos solidarizamos com eles. Condenamos estes indignantes ataques contra gente inocente.
A chanceler alemã Angela Merkel solidarizou-se com vítimas e seus familiares. “Nossos valores de liberdade, democracia e convivência pacífica estão por cima disto. Nossa força radica em nossa unidade. Nossa sociedade livre será mais forte que o terrorismo”, disse. O secretário geral da ONU, Ban-Ki-Moon, qualificou como “ataques despreciáveis (que) impactam no coração da Bélgica e o centro da União Europeia”.
Muitos anônimos demostraram sua solidariedade depositando flores e velas próximo dos locais dos atentados. Num dia em que o terrorismo mais uma vez deixou na Europa marcas difíceis de apagar.