Grécia começa a desalojar campo de refugiados de Idomeni

Idomeni retirada 1

A Grécia colocou em marcha na madrugada desta terça-feira (24) a operação para desalojar o campo de refugiados de Idomeni, na fronteira com a Macedônia, onde cerca de 8,5 mil pessoas viviam em condições insalubres. A ação foi desencadeada três meses depois da Macedônia ter encerrado a fronteira aos refugiados que utilizavam o caminho para seguir viagem em direção a Norte.
Primeiro a polícia bloqueou o acesso à área e pediu a jornalistas e voluntários que abandonassem a área. Por volta das 6h da manhã, 200 policiais começaram convidar os refugiados a abandonar as tendas de campanha nas quais viviam há cerca de três meses e se dirigirem aos ônibus que os transportariam a centros de acolhida.
O porta-voz do governo grego, Yorgos Kyritsis, informou que a ação deve ser concluída em dez dias. Segundo ele, pretende-se evitar ao máximo o uso da força contra os refugiados, muitos dos quais crianças, explicando que o objetivo é esvaziar o campo “pela persuasão”. No ar, um helicóptero da polícia acompanhava a evacuação.
No início da tarde, 1,1 mil pessoas tinham já sido levadas para os centros de abrigo erguidos pelas autoridades na região de Salônica, 80 quilômetros a sul de Idomeni, com capacidade para acolher cerca de cinco mil pessoas. O porta-voz explicou ao jornal britânico Guardian que “sete dos abrigos são antigos edifícios industriais e dois são campos com tendas ao ar livre” mas, apesar de rudimentares, os refugiados terão ali acesso a electricidade, água corrente.
Alguns ocupantes preferiram fugir, temendo serem expulsos ou ficarem presos em centros de detenção. “Já fiz as minhas malas. Se não usarem a força vou continuar aqui durante mais algum tempo. Caso contrário, tenho de sair. Não vou lutar. Fugi da Síria porque não queria lutar com ninguém”, explicou à BBC o sírio Rezan.

Idomeni retirada 2
No campo de Idomeni há sírios e iraquianos – elegíveis para serem recolocados em países da União Europeia apesar de esta ainda não ter conseguido realizar a operação de redistribuição das primeiras 60 mil pessoas –, mas também magrebinos que podem ser expulsos, ou afegãos e iranianos, a quem só está a ser oferecida a fórmula normal de pedido de asilo.
O número de refugiados na área começou a aumentar depois de 9 de março, quando a Macedônia anunciou o fechamento total da fronteira. O acampamento foi crescendo na proporção inversa à degradação das condições de higiene, acolhimento e alimentação dos que ali se foram amontoando, na esperança de que o caminho fosse reaberto.
Cerca de 14 mil pessoas chegaram a ficar abrigadas no local, das quais quatro mil crianças, superando em muito a capacidade de resposta das autoridades e das organizações humanitárias presentes.
Aos poucos, muitos foram desistindo, aceitando a oferta de acolhimento em centros criados pelo Governo para albergar os cerca de 50 mil pessoas bloqueadas no país desde que as nações dos Balcãs fecharam as suas fronteiras. Só nos últimos 15 dias, 2,5 mil pessoas foram transferidas, segundo os cálculos da polícia.

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