Primeiro desafio de Macron é barrar ascensão de Le Pen no parlamento

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Macron e Le Pen na votação do domingo, na qual ele foi o vencedor. Os dois medirão força em mais um embate, desta vez as eleições legislativas de junho

A posse de Emmanuel Macron, eleito presidente francês no domingo (07) com 66,1% dos votos, está marcada para o próximo dia 14, mas os desafios a enfrentar já estão na mesa desde hoje segundo os pricipais jornais europeus. A economia é a prioridade, contudo as eleições legislativas, em junho, serão cruciais para Macron, uma vez que terá a missão de conquistar maioria no parlamento. A escolha do primeiro-ministro é apontada como outro momento crucial para o líder que quer uma França unida e mais forte na Europa.
Mesmo derrotada, Marine Le Pen, da Frente Nacional, que obteve 33,9% dos votos, também continua no cenário político e aposta tudo nas legislativas. Afinal seu partido saiu das presidenciais com 10 milhões de votos, o dobro do que conseguiu da última vez que disputou o pleito presidencial, dando fôlego extra à extrema direita.
Confira os principais desafios de Macron:

Macron discurso

LEGISLATIVAS – Depois da festa ontem à noite, hoje é dia de trabalho para Emmanuel Macron. Ele tem um mês para preparar as legislativas, o primeiro turno está marcado para 11 de junho e o segundo para o dia 18. A primeira tarefa é escolher o primeiro-ministro. Macron diz já ter um nome na cabeça. Nesta escolha, terá chegar ao difícil equilíbrio entre renovação e experiência. Quem assumir o cargo, terá que planejar a estratégia do presidente para umas legislativas inéditas, com o En Marche! (Em Marcha!) estreando no pleito, os partidos tradicionais – PS e Os Republicanos – em crise e uma Frente Nacional que quer ganhar espaço na Assembleia. Resta saber qual a solução de Macron para garantir a governabilidade da França.
ECONOMIA – Baixar os impostos para as empresas para fomentar a competitividade. Essa é uma das grandes propostas de Macron, tendo ainda previsto um plano de investimentos de 50 milhões de euros. Ex-ministro da economia, ex-banqueiro, o novo presidente propõe ainda reduzir 120 mil postos no serviço público próximos cinco anos e fazer cortes nas despesas do Estado. Com mais desempregados hoje – a taxa está em 9,7% – do que em 2012, quando Hollande foi eleito, esse é um dos maiores desafios para o novo presidente, que prevê alargar o subsídio desemprego a trabalhadores independentes e aos funcionários que apresentem a demissão.
FRANÇA NA EUROPA E NO MUNDO – No debate, Macron resumiu a sua posição em relação à Europa a “é tudo o contrário do que a senhora Le Pen disse”. Europeísta convicto, o novo presidente visitou duas vezes Berlim durante a campanha, deixando adivinhar o seu empenho num eixo franco-alemão forte, numa Europa confrontada com o desafio do brexit. O novo presidente francês tem planos para uma grande reforma da zona euro, com a criação de um parlamento dos países que têm a moeda comum, com um ministro da Economia e das Finanças da zona euro. Além disso, defende a criação de um Conselho de Segurança europeu e de um Fundo Europeu de Defesa. Ou seja, uma Europa mais forte com a França a recuperar uma liderança que nos últimos anos foi da Alemanha.

Confira os principais desafios de Marine Le Pen:

Le Pen 2FN NO PARLAMENTO – Apesar de ter obtido 13,6% nas legislativas de 2012, que corresponderam a 3,5 milhões de votos, a Frente Nacional só elegeu dois deputados: Gilbert Collard e Marion Maréchal-Le Pen, a sobrinha de Marine. Agora, a líder do partido de extrema direita acredita que com as formações tradicionais em crise, sobretudo o PS, pode se sair melhor no sistema de dois turnos, uma vez que as desistências entre candidatos na segunda etapa prejudica alguns partidos. Como venceu em 216 das 577 circunscrições no primeiro turno das presidenciais, analistas políticos calculam que a FN possa chegar aos 40 deputados. O grande receio de Le Pen é que se repita o fenômeno de 2002, quando no segundo turno das legislativas a FN teve 1,85% dos votos.
FREAR AS CRÍTICAS INTERNAS – Temporariamente suspensa das funções de líder da Frente Nacional, Marine Le Pen deberá reassumir as rédeas do partido que o pai fundou nos anos 1970. Se os resultados das legislativas forem bons, é provável que continue a presidente incontestada do partido. Mas se não forem, as vozes críticas do seu partido podem ganhar força. Depois do último debate das presidenciais, Marine Le Pen foi criticada por alguns responsáveis do seu partido, em particular Julien Rochedy, o líder da juventude da FN. As críticas mais fortes foram direcionadas ao homem de confiança de Le Pen: Florian Philippot. Num partido familiar, uma ameaça a médio/longo prazo ao domínio de Marine pode vir da própria família: a sobrinha Marion Maréchal-Le Pen, que vem ganando protagonismo.
FÔLEGO PARA 2022 – Só na terceira tentativa François Mitterrand conseguiu ser eleito presidente da República. O mesmo número de tentativas que Jacques Chirac precisou para chegar ao Eliseu. Já Jean-Marie Le Pen tentou a sua sorte quatro vezes, duas antes e uma depois de deixar a França em choque ao passar aos segundo turno em 2002. Não seria portanto de espantar se depois da derrota de Marine Le Pen, que já foi candidata em 2012, fizesse uma terceira tentativa em 2022. Na ocasião terá 53 anos, não sendo a idade um problema. Resta saber se a líder da Frente Nacional conseguirá manter a ascensão dos últimos anos, com o partido conquistando cada vez mais votos.

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