Esquerda Republicana da Catalunha dá luz verde à investidura de Pedro Sánchez
Maioria dos membro do conselho nacional do partido catalão aprovou pacto com o primeiro-ministro em funções, Pedro Sánchez, com a abstenção na votação de investidura
O primeiro-ministro da Espanha em funções, Pedro Sánchez (PSOE), deu mais um passo hoje a caminho da investidura no governo. O Conselho Nacional de Esquerda Republicana da Catalunha (ERC) deu luz verde ao socialista ao confirmar que seus 13 parlamentares no Congresso de Deputados se absterão, dando margem a que consiga ser investido em segunda votação no próximo dia 7 de janeiro.
Sanchez conta com uma margem apertada de votos, não tendo apoio suficiente para ser investido na primeira votação, marcada para o próximo sábado (04) com maioria absoluta. Seus votos com Unidas Podemos, sigla com a qual pretende formar um governo de coalizão não atinge os 176 votos necessários na primeira volta. Com a abstenção de ERC, agora costura acordó com partidos que elegeram um ou dois candidatos para conseguir emplacar seu nome na segunda rodada.
A decisão foi anunciada no início da noite em Barcelona, após votação, pelo coordenador nacional de ERC, Pere Aragonés, que ocupa atualmente o cargo de vice-presidente da Catalunha. O acordo entre o PSOE e os republicanos se baseia na criação de uma mesa de negociação para buscar uma solução política para o conflito entre Espanha e Catalunha, que está prevista para ser instalada 15 días após a investidura.
Enquanto os republicanos celebravam o pacto, selado em um documento divulgado pelo partido, muitas foram as críticas lançadas contra o partido pelas demais siglas independentistas e entidades da sociedade civil. O presidente da Catalunha, Quim Torra (Juntos por Catalunha), disse que não reconhece o pacto. O chefe do executivo catalão se queixou que em nenhum momento foi consultado sobre o acordo, que fala de negociações entre a Generalitat e o governo do PSOE. A Candidatura de Unidade Popular (CUP) também desaprova o pacto, sob o argumento que ERC está dividindo o movimiento independentista.
Entre as entidades da sociedade civil, como a Assembleia Nacional Catalã (ANC), a queixa é que ERC está celebrando acordo com o partido que apoiou a intervenção na Catalunha, além da repressão e da criminalização de políticos, entidades e defensores do direito à autodeterminação. Integrantes de ERC e Juntos por Catalunha foram condenados à prisão por sedição e malversação de fundos públicos, enquanto outros políticos das duas siglas estão exilados na Bélgica, Escócia e Suíça.
DOCUMENTO – Ao anunciar o fechamento do acordo com o PSOE, ERC divulgou um documento no qual diz que o acordo “partirá do reconhecimento e legitimidade de todas as partes e propostas e atuará sem mais limites que o respeito aos instrumentos e aos princípios que regem o ordenamento jurídico democrático”. O acordo não contempla ERC que tenha que garantir a estabilidade do governo espanhol durante os próximos quatro anos, o que não os compromete com a aprovação do orçamento do estado, que pode derrubar o governo.
Num outro ponto do documento, o PSOE assume que 2º conflito somente se resolve através de vias democráticas”, de diálogo, negociação e “superando a judicialização do mesmo”. Neste ponto, há muita desconfiança dos críticos do acordo, uma vez que Pedro Sánchez, como seu antecessor Mariano Rajoy (PP) tem frequentemente recorrido ao Tribunal Constitucional para dirimir os conflitos com o governo e o parlamento catalães.