Dia de festa em Israel e de mortes em Gaza
58 palestinos foram mortos pelo exército israelense em confronto em Gaza enquanto governo dos Estados Unidos inaugurava com festa embaixada em Jerusalém
Enquanto os Estados Unidos inauguravam com pompa e circunstância nesta segunda-feira (14) a embaixada em Jerusalém, o exército de Israel promovia um massacre contra palestinos que protestavam na Faixa de Gaza. Até agora o número de mortos é de 58, entre os quais sete menores, e há mais de 2,7 mil feridos, mais da metade por tiros.
A transferência da sede diplomática norte-americana de Telaviv para a cidade santa indignou os palestinos que se manifestaram contra a devida na fronteira em Gaza. O protesto coincidiu com os 70 anos da Nakba, que rememora a sua expulsão para a criação do estado de Israel.
Durante a marcha para reclamar o direito dos refugiados de voltar a casa, com a participação de mais de 40 mil pessoas, houve enfrentamentos de milhares de palestinos contra o exército israelense.
Segundo o Ministério de Saúde palestino, a maioria dos mortos e feridos receberam tiros de bala. Houve também ferimentos por metralha procedente dos disparos, pela inalação de fumaça e por golpes e contusões.
Apesar do presidente norte-americano, Donald Trump, ter assegurado que a transferência e o reconhecimento de Jerusalem com a capital israelense serviria para “avançar em direção à paz”, a jornada deste 14 de maio foi a mais sangrenta na região desde 2014.
As cenas do massacre contrastam com a da festa na embaixada, onde o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu se congratulava animadamente com os convidados, entre eles Ivanka Trump, filha do presidente norte-americano.
Na festa, Benjamin Netanyahu, expressava o seu contentamento: “Caros amigos, que dia glorioso! Lembrem-se deste momento! Isto é História!”
A cidade estava cheia de bandeiras e bandeirinhas de Israel e no bairro da embaixada juntavam-se também as dos Estados Unidos. Cartazes por toda a cidade diziam: “Obrigado Presidente Trump”.
O presidente dos EUA deixou uma mensagem vídeo, dizendo que “Israel é um país soberano e tem o direito de determinar a sua capital, mas durante anos não reconhecemos o que era óbvio”.
A sua filha e conselheira da Casa Branca, Ivanka, fez a inauguração da nova placa com a inscrição “embaixada americana” (mudando o nome e função do consulado-geral, antes da construção de uma nova embaixada).
No lado palestino, o dia acabou com ameaças de que esta terça-feira ainda será pior. O Hamas promete novos protestos e Israel avisa que poderá voltar a atacar os manifestantes se estes não recuarem.
As razões para que tantas pessoas se exponham ao perigo de ser atingidas a tiro para se aproximar da barreira estão sobretudo ligadas ao cerco ao território, que dura há onze anos, desde que o Hamas venceu as eleições e está no poder. A população vive em condições precárias, com poucas horas de energia por dia, sem água e poucas possibilidades de estudar ou conseguir trabalho e fortemente represaliadas.