Giro pelo mundo (I)
Por Cesar Vanucci *
“Os helenos descobriram o homem e o valor do espírito, e assim legaram à posteridade a Ciência, a Filosofia, a Literatura, a Arte (…), o Diálogo, a Democracia, em suma, o Humanismo.”
(ÉricoVeríssimo)
E os troianos não se entenderam, jeito maneira, até agora, com os gregos. O acordo firmado na vigésima quinta hora das negociações – fácil perceber – é totalmente inexequível. A intransigência do grupo ortodoxo da chamada Eurolandia, liderado pela “dama de ferro” alemã, Ângela Merkel, inflexível porta-voz da neoliberalice extremada, criou condição de desafogo apenas passageiro para a atormentada sociedade grega.
O acordo firmado adiou por prazo relativamente curto o inevitável desfecho de uma crise, com demolidor efeito cascata, que tende a desembocar no esvaimento do sonho europeu de integração econômica e social. A não ser que, antes disso, o bom senso prevaleça com a adoção de novos critérios de compatibilização dos interesses comumente vorazes do mundo das finanças com as aspirações legítimas de cunho social da cidadania.
O tratamento cruel imposto neste momento à Grécia, berço esplendoroso da civilização universal, conduz observadores da cena política a formularem uma pergunta danada de intrigante. Será que a arrogante Alemanha de hoje se sentiria à inteira vontade para ditar regras aos aliados europeus, caso lhe tivessem faltado no pós-guerra a compreensão e a ajuda financeira de outros países, a começar pelos Estados Unidos? Os sinais naqueles desesperadores instantes de deterioração social e econômica em que se viu mergulhada – didático recordar – eram de proporções infinitamente maiores do que os detectados nesta hora sofrida da trajetória helênica.
Trunfos de Obama
Barack Obama vem acumulando pontos em várias decisões de impacto favorável, assegurando com isso saldo positivo no mandato governamental. A reabertura das relações dos Estados Unidos e Cuba, depois de meio século de litigio, a ser fatalmente complementada com o levantamento do embargo econômico, é passo de grande importância histórica na convivência internacional e na integração política dos países do continente. O acordo com o Irã é outro acontecimento marcante nascido de sua preponderante interferência. No plano da política interna, a adoção do sistema de saúde universalizado, em condições de acudir às necessidades das camadas mais humildes da população, representa outro trunfo administrativo merecedor de registro especial em sua biografia.
A K K Klan de volta
A Ku Klux Klan, que muitos desavisadamente supunham extinta, volta a botar a cara pra fora com a divulgação ostensiva de seus paranoicos “conceitos doutrinários” acerca da “supremacia da raça ariana”.
Os integrantes da sinistra organização ocupam outra vez ruas e praças de cidades sulistas nos Estados Unidos, empunhando bolorentos estandartes e emitindo palavras de ordem talebanistas, típicas de sua hidrofobia racista.
Para tão tresloucadas criaturas, integração racial, liberdade religiosa, livre expressão das ideias não passam de demoníacas manifestações. Quem ousa se contrapor às suas ações e vociferações é rotulado, no mínimo, de perigoso agente a serviço de causas subversivas. O presidente Barack Obama é um desses elementos perigosos empenhados em violentar a cultura e as tradições, no modo de entender dos partidários da Ku Klux Klan. Dá procês?
* O jornalista Cesar Vanucci (cantonius1@yahoo.com.br) é colaborador do Blog Mundo Afora.