“Homem-mensagem” navegará 500 km dentro de garrafa gigante em rio francês
O artista francês Abraham Poincheval adora experiências extremas e excêntricas. Já passou duas semanas dentro do corpo de um urso dissecado e 120 horas isolado numa caverna escura. Seu próximo desafio? Navegar 500 Km do rio Ródano, com nascente na Suíça e boa parte de seu curso na França, dentro de uma enorme garrafa de vidro com 6 metros de comprimento e dois de largura, superfície transparente e 5 mm de espessura. Numa viagem que deve durar dois meses e meio.
“Gosto de experimentar as coisas a partir do seu interior, onde a fronteira entre a realidade e o sonho se confundem”, declarou o artista numa entrevista à Agência EFE, depois de superar um período de aclimatação de 10 dias em sua nave particular na cidade de Port-Saint-Louis-du-Rone, na Riviera Francesa.
Poincheval vive e trabalha em Marselha, onde a casa-garrafa foi fabricada por um artesão local, com base em projetos rascunhados por ele. A tampa da garrafa serve como entrada para ventilação. Dentro uma cama, coletores solares para gerar energia e ventilar interior, além de espaço para transportar alimentos e garrafas de água.
Ele conta que durante o período de adaptação a temperatura ambiente chegou a atingir 47 graus centígrados. “Mas resisti”, disse o artista, ao mostra uma faixa do teto coberta por guarda-sol. A meta é seguir a té a fozz do rio, em Genebra. A garrafa estará conectada a uma plataforma rebocada por um barco tradicional, que fará escalas em Arles e Lyon.
A ideia do “homem-mensage” é aproveitar a viagem para ler, pensar e “fabricar uma corda como os marinheiros nos portos ou como Penélope na ‘Odisséia’ de Homero”. Seu plano está inspirado no “País das maravilhas”, der Lewis Carroll, quando ao beber o conteúdo de uma garrafa misteriosa, Alice encolhe e entra em mundo de aventuras espetaculares.
A iniciativa Poincheval, ligada ao National Arts Centre Street Citron Jaune, será documentada em um vídeoblog e um diário de bordo que poderá ser acessado na internet. E estará sob a supervião do Fundo Regional de Arte Contemporânea de Marseille (FRAC), com o qual fará contato duas vezes por dia.
