Open Arms entra em águas italianas em busca de porto para desembarcar imigrantes
Barco de ajuda humanitária estava há 13 dias em águas internacionais à espera de porto seguro para desembarcar 147 pessoas resgatadas no Mediterrâneo
O barco de ajuda humanitária Open Arms conseguiu autorização da justiça para entrar em águas italianas – o que conseguiu nesta quinta-feira (15)- e agora busca porto para desembarcar os 147 imigrantes a bordo que foram resgatados do Mediterrâneo. Apesar dos diversos apelos para que os países europeus indicassem um porto seguro para o desembarque dos refugiados, nenhum mandatário se moveu para ajudar a ONG que há 13 dias circulava em águas internacionais à espera de uma resposta que não veio.
Entre os que apelaram aos líderes europeus, está o ator norte-americano Richard Gere, que além de levar alimentos e água para reabastecer o barco, ainda concedeu uma entrevista coletiva tentando sensibilizar os governantes. Na segunda-feira, em Barcelona, manifestantes protestaram na frente da subdelegação do governo espanhol, na tentativa de tirar da imobilidade o primeiro-ministro Pedro Sánchez (PSOE).
¡Basta de excusas, de hipocresía, de normativas internacionales, de la ratio, de la proximidad de los puertos, del politiqueo!
Todo eso es NADA cuando se trata de la vida humana.
¡Vías legales y seguras, ja!
¡Desembarco con garantías!#salvarvidasnoesdelito #ddhh #OpenBorders pic.twitter.com/a982yivysH— Maria Dantas (@_Maria_Dantas_) August 12, 2019
Entre os manifestantes estava a ativista brasileira Maria Dantas, que criticou o posicionamento dos governos europeus e exigiu que os imigrantes pudessem desembarcar em porto seguro. Apesar de o barco ter bandeira do país, o mandatário não se manifestou e alguns de seus ministros criticaram a ação do Open Arms.
Entidades como a Anistia Internacional e a Organização das Nações Unidas (ONU) também alçaram a voz pedindo socorro aos imigrantes. O fundador da Open Arms, Oscar Camps, vinha lançando mensagens diárias através das redes sociais retratando a situação dos resgatados e também tentou marcar reunião com Sánchez, sem sucesso. Camps havia pedido que o primeiro-ministro espanhol entrasse na justiça europeia para obrigar a Itália permitir o atraque do barco em um de seus portos.
A resposta positiva veio do Tribunal Administrativo da Região de Lazio, em atenção a uma ação movida pela própria ONG. O desembarque de imigrantes em portos italianos está proibido por decreto do ministro do Interior, o ultradireitista Matteo Salvini. O tribunal justificou a decisão com base no direito marítimo por conta da “gravidade e urgência excepcionais” do barco e das pessoas que estão a bordo.
Através do Twitter, Salvini reagiu ameaçando não cumprir a resolução. Este é o segundo revés judicial do ministro por parte dos tribunais italianos em um mês e meio. A primeira derrota aconteceu quando a juíza do Tribunal de Agrigento (Sicília), Alessandra Vella, liberou a capitã do barco Sea Watch 3, Carola Rackete, presa pela polícia italiana por ter forçado o desembarque dos imigrantes resgatados que levava à bordo e que estavam em situação de emergência.
🔴#ULTIMAHORA #OpenArms ya fondeado en aguas italianas con autorización por parte de las autoridades. El decreto de Salvini ha dejado de tener efecto a pesar de las amenazas de uno nuevo. No tenemos aún permiso para entrar en puerto.
Una noche larga, pero el final se acerca. pic.twitter.com/iN83fFtgH3— Open Arms (@openarms_fund) August 15, 2019
A expectativa agora é de como será o desembarque na Itália. O Open Arms, que havia anunciado que enfrentaria uma tempestade, com previsão de ondas de até dois mestros, já entrou em águas italianas segundo publicação no Twitter feita nesta quinta-feira (15) e segue a ilha italiana de Lampedusa para pôr fim conseguir um porto seguro aos imigrantes que fugiram para o Mediterrâneo através da Líbia. Todos fugindo da guerra e daviolência em seus países no continente africano.