Multidão histórica inunda Barcelona em repúdio à condenação de líderes catalães
Catalães paralisam território em greve geral e realizam manifestação gigantesca em solidariedade aos políticos e ativistas condenados pelos feitos de outubro de 2017
⬛️⬜️🎥 Vídeo a vista d’ocell de l’entrada de milers de persones a la marxa per Mataró, ahir💪
👉Avui, fem les #MarxesXLlibertat encara més grans! Afegeix-t’hi!
ℹ️ Recorreguts: https://t.co/j8XZZ1F2im👫 Ningú a casa, ningú a la feina. Tothom als carrers!#ObjectiuIndependència pic.twitter.com/K2HCuAdQEU
— Assemblea Nacional 🧭 (@assemblea) October 18, 2019
Milhares de pessoas – 750 mil segundo os organizadores e 525 mil de acordo com a Guarda Urbana – se concentraram na tarde desta sexta-feira no Passeio de Gràcia, em Barcelona, para protestar contra a sentença aplicada pelo Tribunal Supremo (TS) aos líderes políticos catalães. O ato fez parte da greve geral convocada pela Intersindical-CSC e IAC, com apoio de diversas entidades e associações, que paralisou toda a Catalunha desde as primeiras horas da manhã.
A mobilização ganhou corpo com a chegada à capital das colunas multitudinárias das “Marchas pela liberdade” convocadas pela Assembleia Nacional Catalã (ANC). Vindas das cidades de Vic, Girona, Tarragona, Tàrrega e Berga, começaram a caminhada pelas principais rodovias catalãs há três dias e foram agregando mais participantes por onde passavam, chegando a Barcelona por volta das 13h.
As imagens das colunas que entraram pela capital por vias distintas são espetaculares, com mais de quatro quilômetros cheio de gente, perdendo-se de vista de fotógrafos e cinegrafistas, como mostra o vídeo abaixo publicado no Twitter pela Al Jazeera . Aplaudidos por onde passavam, se dirigiram aos Jardinets de Gràcia, na confluência com a Gran Via, uma das artérias mais movimentadas da cidade.
Tens of thousands of protesters from all over Catalonia converge in Barcelona, bringing it to a standstill, in a mass demonstration over the jailing of nine separatist leaders. pic.twitter.com/u8LFmnjfr2
— Al Jazeera English (@AJEnglish) October 18, 2019
A manifestação ocorreu sob o lema “Pelos direitos e liberdades”, com uma pauta de reivindicação não somente em relação aos direitos políticos e a repressão de estado, mas também com reivindicações trabalhistas ao governo central, como aumento do salário mínimo e derrubada da reforma trabalhista vigente há alguns anos.
A abragência da greve pode se sentir desde as primeiras horas da manhã, com rodovias cortadas, o porto de Barcelona paralisado, a maior parte do comércio fechado, indústrias com produções suspensas e serviços públicos operando com contigentes mínimos. A fronteira com a França, na região de Jonqueras, ficou bloqueada todo o dia por manifestantes, provocando engarrafamentos quilométricos dos dois lados da fronteira, especialmente de caminhões de carga. Equipamentos turísticos, como a Sagrada Família foram fechados, e o clássico BarcelonaXMadri, que ocorreria no sábado, 26, foi transferido para dezembro.
PROTESTO – No ato central, a multidão se espraiou por ruas e avenidas na confluência do Passeio de Gràcia com a Gran Via. Entoando lemas como “liberdade presos políticos”, “independência”, “as ruas serão sempre nossas”, “fora forças de ocupação” a manifestação ocorreu de forma pacífica. Famílias inteiras participaram do protesto, com grande predominância de jovens levando consigo a estelada – a bandeira independentista – e cartazes com mensagens com críticas ao governo espanhol.
⬛️⬜️ @epaluzie 👉 Estem dempeus i no agenollats. La gent hi som per defensar la independència des de la lluita noviolenta. Demanem unitat pel projecte col·lectiu, ens importa ben poc quants diputats trauran cadascuna de les forces independentistes el 10N.#ObjectiuIndependència pic.twitter.com/mQhzHrM7Nc
— Assemblea Nacional 🧭 (@assemblea) October 18, 2019
Na manifestação, que se encerrou por volta das 20h, os representantes da ANC e Òmnium Cultural, que deram apoio ao ato, pediram aos políticos independentistas que chancelem a declaração de indpendência declarada pelo governo catalão em outubro de 2017. Isso num momento em que os partidos independentistas expressam publicamente divergências e parecem acuados pela repressão do governo, com receio de uma nova interveção do governo central na Catalunha, como a ocorrida há dois anos.
A presidente daANC, Elizenda Paluzie, mandou um recado ao governo espanyol e aos partidos independentistas. “Estamos de pé e não ajoelhados. As pessoas estão aqui para defender a independència desde a luta não-violenta. Pedimos unida de por um projeto coletivo, nos importa bem pouco quantos deputados serão eleitos no próximo 10 de novembro”, destacou, se referindo à eleição ao Congresso espanhol, da qual participarão as siglas independentistas.
⬛️⬜️🔴 @marcelmauri llegeix les paraules de @jcuixart 👉No ens aturarem fins guanyar la llibertat. Els presos polítics no som la visualització de cap derrota, sinó un pas més cap a la victòria. No hi ha prou presons per acbar amb l’anhel de llibertat! #ObjectiuIndependència pic.twitter.com/oOJCZ7LMqZ
— Assemblea Nacional 🧭 (@assemblea) October 18, 2019
Na mesma linha se pronunciou o vice-presidente de Òmnium Cultural, Marcel Mauri, cujo presidente Jordi Cuixart, foi condenado a nove anos de prisão por sedição. “Não pararemos até ganhar a liberdade. Os presos políticos não são a vizualização de nenhuma derrota, senão um passo mais até a vitória. Não há suficiente com as prisões para acabar com o nosso sonho de liberdade”, disse.