União Europeia insta estados-membros a aceitarem redistribuição de mais 120 mil refugiados
A comoção mundial provocada pelas fotografias do menino sírio que morreu num naufrágio quando a família tentava chegar à Grécia já está gerando reações de líderes europeus. A Comissão Europeia deve pedir aos 28 estados-membros maior solidariedade no acolhimento dos refugiados que estão chegando às fronteiras. A proposta é que o número de pessoas a redistribuir aumente dos 40 mil propostos anteriormente para um total de 160 mil, um aumento de 120 mil.
A nova meta, adiantada por fontes comunitárias e divulgada em manchetes de vários jornais europeus em suas edições online, faz parte de um plano que o presidente da Comissão, Jean-Claude Juncker, vai apresentar na próxima quarta-feira, 9 de setembro, ao Parlamento de Estrasburgo para responder ao agravamento da crise migratória e aliviar os países de destino.
Uma das novidades em relação ao plano inicial é a inclusão dos refugiados que chegam à Hungria – onde milhares aguardam por uma oportunidade para chegar à Alemanha – na lista dos que precisam de ser realojados (em julho falava-se apenas dos que se encontram na Itália e Grécia). Uma mudança, segundo divulgado pelo Financial Times, destinada a suavizar a oposição de vários países, sobretudo de Leste, às propostas de redistribuição.
Juncker insiste também na criação de um mecanismo permanente para redistribuir automaticamente os refugiados, a fim de evitar o constante debate sobre a divisão de esforços perante situações de emergência. Uma ideia apoiada pela França e Alemanha que anunciaram, nesta quinta-feira, 3 de setembro, ter decidido apresentar em Bruxelas uma proposta conjunta para que sejam adoptadas “quotas obrigatórias na UE para a partilha de responsabilidades”.
“Ao mesmo tempo que dizemos que a Itália e a Grécia não podem lidar sozinhas com esta tarefa, também dizemos que não podem ser só três países, a Suécia, a Áustria e a Alemanha, a assumir a fatia de leão” do acolhimento, defendeu a chanceler alemã, Angela Merkel.
A Comissão Europeia pretende também entregar aos Estados uma lista de países considerados seguros, o que na prática visa acelerar a recusa de pedidos de asilo aos que daí chegam, e que incluirá, entre outros, os Estados candidatos à adesão à UE. Igualmente prevista está a criação de um fundo destinado a apoiar a estabilização de países africanos, a fim de desencorajar os que emigram por razões econômicas.