Independência da Catalunha começará e terminará nas urnas
Os principais candidatos da chapa Junts pel Sì, que aspira proclamar a independência da Catalunha, explicaram em entrevista coletiva para jornalistas internacionais, realizada em Barcelona neste dia 11 de setembro (11-S), como pretendem fazer isso. Artur Mas, atual presidente da comunidade autônoma, Raul Romeva e Oriol Junqueras, garantiram que não fugirão da legalidade e que todo processo se dará no voto. Começará e terminará nas urnas, garantiu Romeva, número um da lista independentista.
A coletiva de imprensa aconteceu antes do início das atividades do Dia Nacional da Catalunha (Diada). A mobilização, organizada pela Assembleia Nacional Catalã (ANC), lotou de ponta a ponto os 5,2 quilômetros da Avenida Meridiana, uma das principais artérias da cidade. A estimativa é que mais de dois milhões de pessoas participaram do ato em favor da independência.
Romeva explicou que todo o processo será ativado depois das eleições parlamentares programadas para 27 de setembro. A expectativa é que as chapas com propostas independentistas conquistem a maioria das cadeiras do parlamento, o que será interpretado como aval para instalar a tao sonhada república. Há exatos 301 anos a Catalunha tombou frente à tropa liderada pela dinastia Bourbon numa sangrenta guerra e foi submetida ao reino da Espanha.
Depois das eleições, a proposta é cumprir uma folha de rota com 12 pontos, que inclui criar as estruturas de estado do novo país, bem como elaborar o marco jurídico de um texto constituinte. Feito isso, convocar novas eleições, com objetivo de votar a constituição e proclamar a república.
Os três candidatos, que pertencem a correntes políticas distintas, disseram que estão buscando o apoio internacional para legitimar as ações planejadas. Destacaram também que o pleito da Catalunha é plenamente aceitável, uma vez que 13 das 28 nações que formam a União Europeia não eram independentes antes do século 20.
“Entendemos que se trata de um pleito justo. Assim como o Reino Unido permitiu que a Escócia votasse sobre o tema, entendemos que Espanha deveria aceitar o nosso referendo”, afirmaram. Mas, Romeva e Junqueras garantiram que a população não será prejudicada durante o processo, uma vez que há o compromisso de manter os serviços de atenção social e também cumprir as leis.
“Não podemos mais manter esta relação com Espanha, que se nega a dialogar”, ressaltou Artur Mas, ao lembrar que há 5 anos os independentistas tentam a autorização do governo de Madri para fazer um referendo oficial. Ele também lembrou que as únicas manifestações do primeiro ministro Mariano Rajoy foram no sentido de criminalizar o movimento, lembrando que ele próprio está sendo processado pelo Estado espanhol.
“Estamos saindo às ruas porque queremos votar democraticamente, pacificamente e civicamente”, destacou Mas, ao dizer que não há outro caminho a seguir. Para ele, só pode haver diálogo quando há alguém do outro lado da mesa, e Espanha nunca abriu essa possibilidade.