Diada da Catalunha: foco em como manifestantes se expressam sobre passos do independentismo

Mobilização convocada pela ANC será teste para partidos independentistas em meio a negociação com governo espanhol

O movimento independentista chega a Diada da Catalunha de 2023 numa grande encruzilhada. Entre os diferentes atos e homenagens ao longo do dia em referência à Guerra de Secessão de 1714, o maior foco está na manifestação convocada pela Assembleia Nacional Catalã, na tarde desta segunda-feira. Castigados nas eleições do Congresso espanhol, com redução de assentos, os partidos Esquerda Republicana (ER), Junts e CUP estão atentos ao recado que virá das ruas.

Há muita decepção com as lideranças políticas independentistas, que com a repressão do estado espanhol após a declaração de indepedência falida de 2017, pagaram com prisões e exílio, além de muitas multas, reduzindo o perfil de confrontação e com ER se unindo ao governo no Congresso espanhol. Há crítica de que além dos polítocos, há milhares de cidadãos represalidaos respondendo na justiça por participação nas mais diversas manifestações daquele período que estão sem apoio.

O primeiro ministro em funções, Pedro Sánchez, também estará de olho em como a cidadania se expressará em relação aos últimos movimentos políticos entre o Partido Socialista Obrero Espanhol (PSOE) e ER e Junts. Apesar de na última eleição geral terem perdido assentos no parlamento, desta vez a aritmética para renovação do mandato de Sanchez passa pelo voto dos independentistas, especialmente de Junts, que tem como líder mais expressivo o ex-presidente da Generalitat e atual eurodeputado, Carlos Puigdemont.

Pedro Sanchez
Pedro Sánchez necessita dos votos independentistas para renovar mandato

Após as eleições gerais, o partido de Puigdemont ganhou a chave da governabilidade da Espanha, com os votos imprescindíveis para renovação do mandato de Sánchez, que não conseguiu maioria no Congresso. No entanto, ERC e Junts, que solicitam anistia a todos represaliados e exilados, além da possibilidade de exercer o direito a autodeterminação, estão fazendo negociações por separado. Os dois partidos, que têm diferenças ideológicas, não tem conseguido chegar a unidade para negociar.

Carles Puigdemont
Carles Puigdemont tem a chave para a investidura de Sánchez

CIDADANIA – Além da discrepância entre os partidos, a ANC tem se mostrado bastante crítica com a condução política do conflito entre Catalunha e Espanha pelos partidos. No ano passado, o atual presidente da Generalitat, Pere Aragonès, e seus partidários se recusaram a participar da Diada de 2022 por causa disso. Na mesma época, Junts saiu governo da Generalitat, com que dividia o comando da Catalunha, criticando a forma de negociação com o governo espanhol.

Pere Aragones e Meritxell Serret
Pere Aragonès e a conselheira de Exteriores da Catalunh, Mertxell Serret, em um dos atos precedente à Diada

Nesta Diada de 2023, Aragonès vai participar de diversos atos e também da manifestação da ANC. Ele tem expressado que a entrada de Junts na negociação – na eleição passada de Sánchez o partido de Puigdemont votou contra a investidura do primeiro ministro – é um bom sinal. Contudo, os dois partidos ainda não encontraram o caminho da unidade. Pode ser que na manifestação de hoje recebam sinais de por onde deverão seguir.

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