“Levo sorvetes para a festa”, a fatídica frase que deu passe livre ao atacante de Nice

NICE Flor
Nesta segunda, Passeio dos Ingleses, em Nice, onde ocorreu o ataque, será reaberto após um minuto de silêncio, homenagem que se repetirá em toda França

Nenhum agente policial desconfiou que um “inocente transportador de sorvetes” pudesse espalhar tanto terror em Nice como ocorreu na noite do último 14 de julho. Mas foi sob este disfarce que Mohamed Lahouaiej Bouhlel conseguiu convencer os agentes policiais a avançar pelo Passeio dos Ingleses (Promenade des Anglais), que estava fechado ao tráfego no simbólico dia para a França, quando se celebra a tomada da Bastilha.
A segurança naquele dia era vital e por isso não se permitia a passagem de nenhum veículo. Mohamed chegou de bicicleta até o caminhão, que havia estacionado estrategicamente dois dias antes. Ao manobrar, a polícia lhe fez afastar o veículo, mas com um tom convincente ele soltou a frase: “Levo sorvetes para a festa”.
Nenhum policial fez mais perguntas nem teve a iniciativa de inspecionar o caminhão frigorífico com o qual o assassino avançou em alta velocidade pela avenida, perpetrando o atentado no qual matou 84 pessoas e feriu mais de 300. Se tivessem revistado o veículo, teriam encontrado uma pistola automática de calibre 7,65, uma segunda pistola falsa, duas réplicas de fuzis de assalto, um carregador, balas, uma granada, vários telefone celulares, documentos e um cartão de crédito.
Com a via livre, investiu contra boa parte das cerca de 30 mil pessoas que aguardavam o espetáculo de fogos artificiais que coroaria o encerramento da festa, propagando o terror.
INVESTIGAÇÃO – Pouco a pouco vão sendo divulgadas informações sobre Mohamed, que teria realizado o ataque em nome do autoproclamado Estado Islâmico (EI). Nascido na Tunísia há 31 anos, seria atualmente um kickboxer viciado em ginásio.
Suas constantes mudanças de humor o teriam obrigado a tomar forte medicação, motivo que teria posto fim ao seu casamento. Seria também viciado em maconha e bebedor compulsivo, o que teria aumentado seus problemas de comportamento. Segundo um irmão, ele tinha problemas psicológicos desde os 12 anos. A família teima em não acreditar que ele tenha se juntado ao EI e defende que sofria de problemas mentais.
Contudo, as investigações realizadas até agora pela polícia francesa, com a prisão de outras pessoas, demonstram que Mohamed teve ajuda para realizar o ataque. Numa mensagem registrada em seu telefone celular pouco antes do ataque, ele pede mais armas ao interlocutor, um homem que já está preso.
HOMENAGEM – Nesta segunda-feira (18), o Passeio dos Ingleses, paralelo ao calçadão marítimo, terá o trânsito reaberto após um minuto de silêncio em homenagem às vítimas, solenidade que se repetirá por todo o país. Três dias depois do atentado há 18 pessoas internadas em estado crítico, entre elas uma criança. No total são 85 feridas em hospitais, 29 delas em unidades de cuidados intensivos.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.