200 mil abelhas sobrevivem a incêndio em Notre-Dame

Enquanto muitos se preocupavam com perdas materiais, apicultor Nicolas Géant sofria pelo tesouro natural que cuidava no telhado da catedral

Foi grande a preocupação dos que seguiram o incêndio que queimou a Catedral de Notre-Dame, em Paris, por mais de 9 horas na noite de segunda-feira (15) e madrugada de terça (16) em todo o mundo. Os que testemunharam incrédulos ver parte da história desaparecer em meio às chamas se perguntavam o que foi salvo entre os tesouros culturais do templo. Poucos sabem que havia quem estava sofrendo também por um tesouro natural: uma colônia de cerca de 200 mil abelhas, que ao final acabaram se salvando.

Nicolas Géant é o responsável pela criação de abelhas em telhados de cidades francesas e em Notre-Dame

A pessoa mais preocupada naquelas horas era Nicolas Géant, o apicultor que cuida dos enxames de Notre-Dame. “A princípio pensei que os enxames haviam sido queimados, não tinha nenhuma informação. Depois vi imagens de satélite e pude comprovar que não havia sido o caso. Depois, o porta-voz da catedral me confirmou que eles estavam lá e que saíam dos enxames”, relata.

A presença das abelhas em Notre-Dame remontam a 2013, quando Géant ofereceu que um enxame fosse instalado no teto da sacristia. O apicultor também distribuiu outros enxames por telhados de outros prédios da cidade. A população de abelhas aumentou em Notre-Dame e forma parte de projetos desenvolvidos em diverses cidades para favorecer a presença dos insetos, essenciais para os ecossistemas e para a agricultura.

As abelhas que vivem na catedral são da variedade conhecida como Irmão Adam, nome do monge beneditino que conseguiu realitzar a seleção de indivíduos da espécie. Também são conhecidas como Buckfast, nome da labadia inglesa onde foram criadas.

O Irmão Adam se chamava em realidade Karl Kehrlé. Nasceu em 1898 no sul da Alemanha e adotou o nome quando se integrou à vida monástica em Buckfast. Em 1952, ele descreveu assim o tipo de abelha que buscava: “Nosso objectivo final é reproduzir uma abelha que nos dará uma colheita média constante com o mínimo de esforço e tempo de nossa parte”.

E efetivamente, segundo apicultores, são muito produtivas. Cada enxame produz, em média, 25 quilos anuais de mel, vendidos em Notre-Dame. São abelhas que, se acontece um incêndio, o em presença de fumaça, não fogem, se alimentam do máximo de mel e protegem a rainha, como explica Nicolas Géant. “Esta espécie não abandona o enxame. Não tem pulmões, contudo o dióxido de carbono as faz dormir”.

Pode parecer que no meio de Paris faltará alimento para as abelhas. Entretanto, os espaços verdes e plantas de terraços permitem que ela se alimentem. Polinizam umas 700 flores diariamente que buscam em um raio de três quilômetros ao redor do enxame.

 

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