“A verdade é dura”: a resposta do New York Times a Donald Trump
O jornal norte-americano New York Times (NYTimes) aproveitará os intervalos durante a transmissão da cerimônia do Oscar, na noite deste domingo (26), para veicular um anúncio intitulado “The truth is hard” (a verdade é dura). Com o intuito de fustigar a reflexão sobre a importância da verdade e do jornalismo de qualidade, a peça também é uma resposta ao presidente Donald Trump.
A decisão de veicular a propaganda, que inclui peças em outros formatos, foi tomada depois que os profissionais do NYTimes foram proibidos de participar de conferência informal de imprensa na Casa Branca, na última sexta-feira. Na ocasião também foram barrados jornalistas do Político e CNN, além de estrangeiros como os britânicos BBC e The Guardiam.
O vídeo, de 30 segundos (veja neste link), mostra vozes de várias pessoas proclamando suas próprias noções do que é a verdade, acompanhadas de textos que começam com a frase “The truth is…” (a verdade é). Por exemplo: “A verdade é que uma mulher deve se vestir como uma mulher” e em seguida “A verdade é que os direitos das mulheres são direitos humanos”.
O anúncio também fala sobre os “fatos alternativos”, com uma voz que diz que se trata de mentiras e em seguida outra voz dizendo que “a mídia é desonesta”. No final, aparecem as frases “A verdade é difícil/a verdade é difícil de encontrar/a verdade é mais importante do que nunca”. A campanha também aparecerá em anúncios digitais, impressos e em outdoors de várias cidades dos EUA.
A versão para o Oscar trará uma frase adicional: “A verdade é que as celebridades devem manter a boca fechada. A verdade é que todo mundo tem o direito de se manifestar”. Estima-se que a veiculação de um anúncio de 30 segundos durante a transmissão do Oscar pela rede ABC custa entre US$ 2 milhões e US$ 2,5 milhões.
Esta é a primeira vez em sete anos que o New York Times veicula um anúncio publicitário na televisão, de acordo com a rede de noticias CNN. David Rubin, gestor de marca da empresa, afirma que a missão do vídeo é entrar no “debate nacional que está acontecendo neste momento sobre ‘fatos’ e a verdade” e o que significam nos dias de hoje. “Estávamos à procura de um momento mediático de impacto, e este parece uma boa ocasião para as pessoas responderem e reagirem ao vídeo”, considera.
Também foram excluídos da conferência de imprensa profissionais do The Hill, BuzzFeed, The Daily Mail, New York Daily News e a cadeia de televisão britânica BBC. Por outro lado, foram autorizados a entrar meios como ABC, CBS, NBC, Fox, Reuters, Bloomberg e McClatchy, bem como o site Breitbart, que era dirigido pelo actual e principal estratega da Casa Branca, Steve Bannon. A agência Associated Press e a revista Time foram autorizadas a entrar, mas decidiram boicotar o briefing informal em solidariedade aos excluídos.
Na sexta-feira, Donald Trump voltou a atacar a imprensa, criticando o uso de fontes anônimas em notícias sobre alegados contatos entre conselheiros presidenciais e agentes secretos russos. Estas notícias foram aprofundadas precisamente pela CNN e o New York Times.
Hoje, o presidente escreveu sobre o anúncio no Twitter: “Pela primeira vez o fracassado @nytimes vai veicular um anúncio (ruim) para ajudar a salvar sua fracassada reputação. Tente fazer reportagens corretas e justas!”.