Ataque em Paris pode influenciar na eleição presidencial francesa
Os eleitores franceses irão às urnas neste domingo (23) votar no primeiro turno das eleições presidenciais sob o impacto do ataque extremista em Paris ocorrido há dois dias. A maior interrogação é se a ação, na qual um policial foi morto e o atacante foi abatido, terá influência no voto, permitindo a ascensão da candidata de extrema-direita Marine Le Pen. O ataque foi o terceiro pepretado este ano por seguidores do Estado Islâmico (EI).
A editora para a Europa da BBC News, Katya Adler, comerntou que pode ser fácil presumir que le Pen se beneficiará, já que sua campanha se baseia em segurança, imigração e fundamentalismo islâmico. Mas Adler acredita que os eleitores mais preocupados com a seguraça também poderão optar pelo experiente político conservador e ex-primeiro ministro François Fillon.Até o momento a disputa está acirrada. Quatro dos onze candidatos aparecem quase empatados no topo das pesquisas de intenção de votos: Le Pen, Fillon, o centrista Emmanuel Macron e Jean-Luc Mélenchon, de extrema esquerda. Estes doi últimos, segundo a analista, poderiam perder votos por não defenderem políticas tão radicais na área de política e imigração.
Nas sondagens divulgadas na sexta-feira, havia empate técnico entre Macron, com 23% a 24,5% das intenções de votos, e Le Pen, com 22% a 23%. Fillon e Mélenchon disputariam o terceiro lugar, também em empate técnico, com 19% dos votos. Uma das pesquisas, do instituto OpinionWay, aponta Fillon muito próximo de Le Pen, com 21%.
Mas o número de indecisos permanece elevado: quase 30%. A taxa de abstenção, antes apontada como um possível recorde, é estimada agora, nas últimas pesquisas, em torno de 27% e permanece alta.
O atentado em Paris ocorreu na última quinta-feira (20) antes das 21h locais (16h em Brasília no momento em que se realizava o último debate na TV. Os candidatos foram informados da ação ao vivo e reagiram se solidarizando com a família do policial morto, identificado como Xavier Jugelé, de 37 anos, e com as forças de segurança do país. Também enviaram mensagens à população de que ataques desta natureza não podem ficar impunes. O extremismo islâmico foi um dos principais temas da campanha presidencial.
O ataque aconteceu na emblemática avenida Champs-Élysées. Um carro parou ao lado de um ônibus da polícia que estava parado. Um homem saiu do veículo e abriu fogo contra o ônibus com um rifle automático, matando um policial e ferindo outros dois. O atirador, identificado Karim Cheurifi e que teria atuado em nome do EI, foi morto pelos agentes de segurança franceses. Outro homem possivelmente ligado à ação se entregou à polícia belga.
Cheurifi nasceu em um subúrbio de Paris e já havia sido preso por tentativa de assassinato, violência e assalto. Em fevereiro deste ano, foi detido e teve a casa revistada após relatos de que estaria planejando matar policiais. Foram encontradas facas, máscaras e um câmera portátil, mas a polícia o liberou por considerar não ter provas suficientes para prendê-lo por intenção de matar.
Desde 2015 o país já foi alvo de cinco ataques terroristas, com uma lista de 238 mortos de lá para cá, segundo a agência de notícias AFP. O mais grave ocorreu em novembro de 2015 com uma série de ataques coordenados contra a boate Bataclan, cafés, restaurantes e à região do Estádio da França.
Mais de 50 mil agentes de segurança estão destacados pelo atual presidente, François Hollande, para monitorar as eleições nas quais 47 milhões de pessoas estão aptas a votar. O primeiro-ministro Bernard Cazeneuve pediu que os eleitores não se deixassem intimidar e que nada impedirá “o processo fundamental democrático do nosso país”.