Nasce na Síria primeiro batalhão de mulheres árabes contra o Estado Islâmico
Grupo que se espelha nas milicianas curdas também defende a libertação das mulheres. Jihadistas temem serem mortos por uma mulher, o que os impediria de entrar no paraíso
As agências de notícias curdas anunciaram que as chamadas Forças Democráticas Sírias (FDS), organizadas pelos Estados Unidos para combater o Estado Islâmico na Síria, criaram um batalhão de mulheres árabes. A proposta é tornar-se “um exemplo para as mulheres do Oriente Médio”.
A notícia foi divulgada ontem (10) pela FDS e pela própia unidade, denominada Batalhão da Mártir Amara de Mulheres Árabes. As FDS estão formadas por diversas milícias árabes, entretanto seu tronco central é composto pelas Unidades Populares de Proteção curdas ou YPG.
O batalhão estaria formado por centenas de mulheres, espelhando-se nas unidades femininas das YPG, milícias curdas da Síria surgidas no território de Rojava, na fronteira turca. “Todo o mundo deve saber que as mulheres de Rojava fincaram um marco ao demonstrar seu papel na comunidade, já que estão sendo capazes de defender sua terra e a sua gente por todos os meios. Queremos estender seu exemplo a todas as mulheres sírias”, disse a comandante curda Rojda Shiyar, procedente das YPJ ou Unidades Femininas de Proteção, oficializada como portavoz e relações públicas das FDS.
As combatentes curdas, que atuam como infantaria leve e como francoatiradoras, estão se destacando na luta contra o Estado Islâmico e seu papel está sendo bem aproveitado em termos de propaganda. Inclusive têm dado margem a lendas – como o temor dos jihadistas de serem mortos por uma mulher, o que os impediria a entrada no paraíso – e ao surgimento de personagens fictícios.
IDENTIDADE – “A intenção de formar este batalhão é responder responder à comunidade patriarcal e ao regime de escravidão defendendo nossa terra, dignidade e as mulheres sírias”, acrescentou Rojda Shiyar. De acordo com a agência Anha, a comandante crê que o batalhão debe mostrar a existência e identidade das mulheres árabes e ser um exemplo para as mulheres do Oriente Médio.
Um comunicado emitido na semana passada pelas FDS dava conta que “os ataques de grupos terroristas extremistas havia destruido seriamente a estrutura social da região e que as mulheres são as que mais sofrem com a guerra”.
O próprio batalhão feminino divulgou em nota, distribuída pela Ara News, que “como mulheres árabes, temos sofrido a opressão da sociedade e das práticas opressivas da mentalidade masculina dos grupos extremistas. Tomamos as como as Unidades de Proteção Femininas para lutar pela libertação frente ao terrorismo”.
Na nota também diziam: “Depois que aumentaram nossos efetivos e nossa organização, vimos que seria melhor formar um batalhão feminino dentro das Forças Democráticas Sírias. O Batalhão da Mártir Amara de Mulheres Árabes é o primeiro que está lutando na província de Deir Ezzor. Confiamos que este será o início da formação de batalhões de mulheres em todas as regiões da Síria para lutar contra o terrorismo e pela libertação das mulheres e da sociedade, e para construir um sistema baseado na democracia, na justiça e na liberdade”.