10 milhões de crianças pedem socorro em meio à sangrenta guerra do Iémen

Unicef alerta que crianças vivem a pior situação no Iémen, onde estão sem acesso à agua potável e assistência médica. País está tomado por surto de cólera

No meio da sangrenta guerra travada no Iémen entre forças governamentais e rebeldes hutis xiitas estão 17 milhões de civis que precisam de assistência humanitária urgente. A pior situação é a de 10 milhões de crianças que estão sem acesso a água potável e a assistência médica, segundo alerta lançado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).
O coordenador da ONU para o Iémen, Jamie McGoldrick, disse que as organizações de ajuda humanitária instaladas no país estão com dificuldades em combater a má-nutrição. “Foi preciso alocar todos os recursos para combater um surto de cólera que ameaça aumentar o número de mortos”, explicou em coletiva de imprensa em Sana, capital do país. “Estamos tentando fazer o nosso melhor, mas é preciso fazer muito mais”, avisou.
Segundo levantamento da ONG Save the Children, uma criança iemenita é infectada pela bactéria da cólera a cada minuto. No final de abril, o Programa Alimentar Mundial (PAM) tinha alertado que mais de 17 milhões de iemenitas estão em risco de vida por não terem acesso aos bens alimentícios mais básicos. Hoje o Iémen é o país mais pobre do mundo árabe.
TEMPOS DE CÓLERA – Esta semana, o porta-voz da ONU, Stephane Dujarric, disse que mais de 1,6 mil pessoas já morreram desde o final de abril. O surto começou por causa dos graves danos nos sistemas de saneamento na sequência dos bombardeamentos das forças gvernamentais, que contam com o apoio de uma coligação de países liderada pela Arábia Saudita. O surto já se alastrou às 21 províncias do país, com 270 mil casos suspeitos detetados até agora.
Dujarric disse ainda que a Organização Mundial de Saúde (OMS) e os seus parceiros receberam 400 toneladas de equipamentos e produtos médicos esta semana, incluindo 30 ambulâncias e kits para tratar 10 mil pessoas em Aden e Hodeida, as províncias mais afetadas. Nas próximas semanas, as organizações vão instalar até 2.350 camas em 600 locais do país para tratar parte da população infectada.
A guerra que eclodiu em março de 2015 destruiu grande parte das infraestruturas do país, matando mais de dez mil pessoas e forçando mais de 11% do total de habitantes do Iémen a abandonarem suas casas. No final de maio, o chefe de Assuntos Humanitários da ONU, Stephen O’Brien, avisou que o país enfrenta o iminente “colapso total”.