Puigdemont leva caso catalão ao coração da Europa
Em entrevista coletiva em Bruxelas, o líder catalão Carles Puigdemont explicou os motivos que o levaram à capital da Europa, onde está com parte de sua equipe de governo desde a segunda-feira. A decisão de sair da Catalunha foi tomada na última sexta-feira, após a proclamação da república para preservar funcionários, membros do governo e cidadãos independetistas de uma ofensiva violenta por parte do estado espanhol.
“Recebemos informes contrastados de que haveria um ataque ainda mais brutal que o perpretado pela Polícia Nacional e Guarda Civil em 1 de outubro contra quem tentasse defender fisicamente as instituições catalãs”, informou Puigdemont. Por isso, em reunião conjunta, o governo catalão resolveu não rebelar-se contra a determinação do Senado que autorizou o primeiro ministro Mariano Rajoy a intervir na Catalunha, depor Puigdemont e dissolver o parlamento.
“Decidimos priorizar a segurança das pessoas. Não queríamos violência. Sempre estivemos com a mão estendida ao diólogo até o infinito, inclusive nos dispondo a não proclamar a independência”, destacou Puigdemont, ao dizer que sempre teve o diálogo rechaçado.
Diante da confrontação iminente entre a população e forças de segurança espanholas, Puigdemont explicou que resolveu adotar um novo plano de ação, levando a questão catalã ao coração da Europa. Sete secretários de governo permanecem com ele em Bruxelas, de onde instou a União Europeia a intermediar uma solução acordada. Enquanto outra parte do seu governo, liderada pelo vice-presidente Oriol Junqueiras, permanecerá na Catalunha seguindo suas orientações.
“Nosso ato é de coerência. Não chegamos até aquí para nos comportar da mesma forma como o estado espanhol. Não temos medo dos desafios democráticos. Neste campo, estamos acostumados a jogar”, declarou. Contudpo, frisou que não pode ficar parado diante de um governo que “persegue ideias políticas e não delitos” como está acontecendo.
“O ataque contra mim, contra os membros do governo e do parlamento e das instituições soberanistas é de uma violencia sem precedentes. É de máxima beligerância, com penas de prisão de mais 30 anos, fianças abusivas e julgamento sem garantias de justiça”, acrescentou.
Puigdemont garantiu que trabalha desde Bruxelas para garantir que as instituições catalãs não desaparaçam diante da aplicação do artigo 155. E que sabe que conta com a cidadania para impedir que isso aconteça.
O líder catalão lançou um questionamento ao governo de Rajpy, que convocou eleições autonómicas na Catalunha para 20 de dezembro. “O governo espanhol está disposto a aceitar o resultado que sairá das urnas?”, perguntou, ao dizer que o pleito servirá para mostrar quem tem a razão, desde que o pleito seja limpo e se aceite a decisão dos catalães.