Puigdemont e 200 prefeitos questionam em Bruxelas apoio da CE a golpe na Catalunha
Bruxelas foi palco de dois atos protagonizados por 200 prefeitos catalães em apoio a Carles Puigdemont e contra as prisões de membros do governo e líderes soberanistas. Silêncio da Comunidade Europeia foi duramente questionado
O silêncio da União Europeia diante da repressão da Espanha contra a Catalunha foi questionado nesta terça-feira em Bruxelas por duzentos prefeitos independentistas. Eles foram à capital belga prestar solidariedade ao presidente Carles Puigdemont e aos quatro secretários que o acompanham na cidade desde o último dia 30 de outubro. Também clamaram pela soltura dos oito membros do governo catalão e de dois líderes soberanistas presos em Madri.
No início da tarde, os chefes municipais participaram de um protesto em frente à sede da Comunidade Europeia. Depois, de um ato contra a intervenção do governo de Mariano Rajoy contra as instituições catalãs sob intervenção, com a presença de Puigdemont e dos secretários Toni Comín, Clara Ponsatí, Meritxell Serret e Lluís Puig.
Durante o ato, Puigdemont se dirigiu aos líderes europeus que se mantém ao lado de Rajoy. “Continuarão ajudando Rajoy neste golpe de estado e nestas restrições de liberdades? É esta a Europa que querem, com um governo aprisionado?”, perguntou numa mensagem ao presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, e ao do Parlamento Europeu, Antonio Tajani.
Puigdemont pediu à UE e ao governo espanhol que respeitem os resultados que venham a sair das eleições previstas para 21 de dezembro na Catalunha. E que “assegurem a normalidade democrática sem repressão ou sem impor límites às ideias dos outros”. E insistiu: “Estão dispostos a aceitar os resultados?”.
O líder catalão fez o discurso em frânces, recordando aos líderes europeus que na Catalunha “está ocorrendo uma anormalidade democrática”. Chamando atenção para o fato de que é o único território da UE “sem parlamento e governo legítimamente eleitos”.
Puigdemont agradeceu a presença dos prefeitos em Bruxelas e a sua solidariedade. Pedindo que juntos “vencessem este golpe de estado”, em alusão ao artigo 155. Também denunciou o fato dos secretários presos em madri, junto com o vice-presidente Oriol Junqueiras, terem sofrido mal tratos.
Ele recordou a história da Catalunha e frisou que ao largos dos anos há sofrido proibições, golpes de estado, priões de presidentes e governos no exílio. “Nunca esqueceremos o fascismo espanhol, ajudado pelo nazismo, que fuzilaram o presidente Lluís Companys”, relembrou.
O ato aconteceu na sala Bozar, um centro cultural e artístico da capital belga, em meio de sonoros aplausos e gritos de “presidente, presidente” e “secretários, secretários” por parte dos prefeitos catalães. O ato contou com a presença dos eurodeputados Jordi Solé e Josep-Maria Terricabras, da Esquerda Republicana (ERC) e Ramon Tremosa, do PDECat, partido de Puigdemont.
“Estamos aquí para dizer bem claro aos cidadãos que só existe um governo na Catalunha. Pode haver um outro agora, ilegítimo, meio oculto, mas para nós só existe um. A metade está presa e a outra está aquí, longe de casa”, disse Jordi Solé.
O prefeito de Sabadell, Maties Serracant, pediu a soltura dos presos e frisou que o governo de Puigdemont é legítimo, mesmo diante do cessamento imposto por Rajoy. “Os prefeitos reconhecem apenas um presidente e este é Carles Puigdemont”, assegurou.
Os prefeitos chegaram a Bruxelas no início da tarde e foram direto para o bairro europeu, onde fizeram uma foto diante Comissão Europeia com a faixana qual estava escrito: “Freedom political prisoners (Liberdade presos políticos”). Eles cantaram o hino “Els segadors” entre gritos de “liberdade”.
“Está claro que a justiça espanhola é tudo menos independente”, Miquel Buch, presidente da Associació Catalã de Municípios (ACM). A viagem a Bruxelas foi uma iniciativa conjunta da ACM e da Associação dos Municípios pela Independència (AMI).