Catalunha para em solidariedade aos presos políticos e às instituições sob intervenção espanhola
Estradas e vias de trens são cortadas na Catalunha em protesto contra intervenção da Espanha e prisão de membros do governo e de entidades soberanistas. Independentistas ocuparam praças para pedir soltura dos presos políticos
Estradas e vias de trem amanheceram cortadas nesta quarta-feira em vários pontos da Catalunha por manifestantes que aderiram à greve geral convocada pelo Comitê em Defesa da República (CDR). Com a paralisação exigem a liberação dos presos políticos – oito membros do governo e dois líderes soberanistas – e rechaçam a intervenção do estado espanhol no executivo e no legislativo.
Os piquetes realizados nas principais artérias de tráfico provocaram grandes engarrafamentos e impediram comboios de seguirem seus destinos. Desde a madrugada já havia manifestações em vários pontos da rodovia AP-7, uma das principais da Catalunha, e em mais de 50 pontos de 40 estradas.
Os serviços de trens das empresas FGC, Rodalia e trens de Alta Velocidade também foram afetados. Houve cortes de circulação em estações como Montcada e Bifurcació, nas linhas R3, R4, R7 e R12. Em Girona, manifestantes entraram na estação do AVE, impedindo a partida de comboios.
Em Barcelona, houve piquetes em vários pontos da Ronda de Dalt e da Ronda del Litoral. Também foram afetadas vias centrais da cidade, como as avenidas Diagonal e Gran Via. O transporte público aderiu à manifestação, oferecendo serviços mínimos de 50% nas horas de pico (de 6h30 às 9h30 e 17h30 às 20h00) e de 25% no resto do dia.
CONCENTRAÇÕES – Ao longo da manhã manifestantes foram ocupando praças das principais cidades da Catalunha. Em Barcelona, a praça Sant Jaume, onde fica a sede do governo da Generalitat, encheu rapidamente de pessoas carregando cartazes e faixas pedindo “liberdade para os presos políticos”.
Os independentistas estão indignados com o tratamento dado pelo governo de Mariano Rajoy aos membros do governo, do parlamento e das entidades soberanistas. Desde o último dia 27 de outubro, após a declaração da república pelo parlamento catalão, o Senado espanhol autorizou Rajoy a intervir nas instituições governamentais e no legislativo.
A justiça, que já havia ordenado a prisão de Jordi Sànchez e Jordi Cuixart – presidentes da Assembleia Nacional Catalã e Òmnium Cultural -, autorizaou a prisão do vice-presidente Oriol Junqueiras e de sete secretários do governos, sob a acusação de rebelião, mal versação de fundos públicos e sedição.
O presidente Carles Puigdemont e mais quatro secretáruios, contra quem Madri também expediu ordem de prisão, se exilaram em Bruxelas, para denunciar a repressão do estado espanhol. Desde então, os soberanistas mantém uma agenda de atos para denuncia o que classificam como golpe de estado da Espanha. E na capital da Europa, Puigdemont vem instando a União Europeia a intermediar uma solução pacífica para o conflito.