Presos catalães recolhem ata no Congresso espanhol em meio a blindagem policial
Jordi Sànchez, Jordi Turull, Josep Rull e Oriol Junqueras realizaram trâmites como deputados e Raül Romeva como senador
A imagem do dia na Espanha foi a dos presos políticos catalães Jordi Sànchez, Jordi Turull, Josep Rull e Oriol Junqueras recolhendo a ata de deputados no Congresso, e de Raül Romeva, a de senador na Câmara Alta. Os cinco, que estão sendo submetidos a julgamento por rebelião, sedição e malversação de fundos públicos por conta dos episódios de 2017 na Catalunha, foram eleitos no pleito realizado em 28 de abril passado.
Os cinco saíram da prisão de Soto del Real, em Madri, às 9h da manhã, escoltados pela Guarda Civil até as Cortes espanholas, onde realizaram os trâmites custodiados pelas polícias das respectivas câmaras. A saída, autorizada pelo Tribunal Supremo, foi a primeira que fizeram que não tinha como destino a sede da alta corte, onde estão sendo julgados desde fevereiro.
Os deputados foram recepcionados no primeiro andar do edifício do Congresso de Deputados por integrantes dos partidos Esquerda Republicana de Catalunha (ERC) e Juntos por Catalunha e do basco EH Bildu. Os presos não receberam nem os celulares nem o tablet entregues aos parlamentares, que tomam posse nesta terça-feira (21). No Twitter, o ex-presidente Carles Puigdemont, exilado na Belgica, retuitou uma postagem de Juntos por Catalunha ressaltando a situação excepcional dos presos e os saudou. “Bestial. Presos políticos acreditando a sua condição: entram no Congresso escolhidos por defenderem as mesmas ideias pelas quais estão encarcerados. Uma vergonha para uns, uma dignidade imensa para vocês, amigos!”
Bestial. Presos polítics acreditant la seva condició: entren al Congrés escollits per defensar les mateixes idees per les quals els tenen empresonats. Una vergonya per a uns, una dignitat immensa per a vosaltres, amics! #FreeTothom #LlibertatPresosPoliticsiExiliats https://t.co/1cQVjWjCWn
— Carles Puigdemont (@KRLS) 20 de maio de 2019
No Senado, os 13 eleitos por ERC, entre eles Ana Surra, Miquel Caminal, Sara Bailac e Josep Quintana, receberam emotivamente a Romeva, que recolheu a ata em menos de dez minutos e deixou o recinto sob aplausos e abraços. O senador agradeceu a recepção e celebrou o cargo. “Somos políticos, fazemos política e a continuaremos fazendo. Hoje recolhi a ata, mas não somente isso. Obrigada a todos pela estima. Em diante”.
O passo seguinte, depois do juramento à Constituição, nesta terça, será saber se os deputados e o senador poderão exercer os cargos. Isso por conta da situação judicial em que se encontram. “Não sei qual será a possibilidade de exercer o mandato”, disse Sànchez. Já Turull, se mostrou com esperanças: “Esperamos que os representantes do Congresso que o são graças às urnas não impeçam de exercer o mandato aos que estamos na prisão por colocar urnas”.
Proibidos de se comunicarem com a imprensa e de realizarem reuniões de trabalho, alguns dos presos gravaram vídeos que foram divulgados através de seus perfis no Twitter.
🎥[VÍDEO] @junqueras: “Soc al Congrés envoltat d’amics i companys. És un privilegi extraordinari. Els explicava que quan els veig a la tele i son 15 sento un orgull infinit. Cal guanyar diumenge i portar el país a la llibertat✊!” #ImpulsRepublicà pic.twitter.com/z3UcZQxN9U
— Esquerra Republicana (@Esquerra_ERC) 20 de maio de 2019
“Estou no Congresso cercado de amigos e de companheiros. É um privilégio extraordinário. Os explicava que quando os vejo na televisão e são 15 (deputados) sinto um orgulho infinito. É necessário ganhar domingo (eleições europeias e municipais) e levar o país à liberdade”, disse Oriol Junqueiras em vídeo gravado no Congresso.
La gent de @juntsxCat treballarem perquè a Catalunya votar no sigui delicte, perquè puguem decidir conjuntament quin ha de ser el futur i perquè a través del diàleg guanyem la democràcia plena, guanyem la llibertat. pic.twitter.com/qDNZbVUbhp
— Jordi Sànchez (@jordialapreso) 20 de maio de 2019
Jordi Sànchez, que também fez uma gravação, disse: “A gente de Juntos por Catalunha trabalharemos para que a Catalunha votar não seja delito, para que possamos decidir conjuntamente qual há de ser o futuro e para que através do diálogo ganhemos a democracia plena, ganhemos a liberdade”.