Governo da Catalunha propõe reunião a países com vítimas no ataque terrorista em Barcelona e Cambrils
Iniciativa foi tomada após revelações sobre ligação do mentor do massacre com serviço secreto espanhol. Carta com convite foi enviada a cônsules de sete países que tiveram vítimas mortais
Com a anuência do presidente da Catalunha, Quim Torra, o secretário de Ação Exterior, Alfredo Bosch convocou para uma reunião cônsules dos sete países que tiveram vítimas mortais durante o atentado de 17 de agosto de 2017, em Barcelona. São eles Alemanha, Austrália, Bélgica, Canadá, Estados Unidos, Itália e Portugal. A proposta surgiu depois da publicação de reportagens do jornal Público, baseadas em uma investigação jornalística de um ano e com farta documentação, de que o mentor do massacre, o imã Abdelbaki Es Satty, trabalhava para o Centro Nacional de Inteligência (CNI) do governo da Espanha.
Quan es compleixen gairebé dos anys dels atemptats del #17A i després de les darreres informacions publicades, he enviat aquesta carta als cònsols dels països amb víctimes mortals. pic.twitter.com/VKM71kCRQL
— Alfred Bosch🎗 (@AlfredBosch) 19 de julho de 2019
Segundo Bosch, a ideia é “trocar impressões” sobre as informações do jornal espanhol, que já publicou quatro reportagens esta semana, nas quais fica claro que o jihadista recebia salário do CNI. Segundo Público, a agência ajudou inclusive a apagar a ficha criminal de Es Satty e a conseguir trabalho para ele na mesquita de Ripoll. Foi na cidade que Es Satty radicalizou os jovens da célula terrorista que promoveram os ataques em Barcelona e Cambrils, com 16 mortos e mais de cem feridos, neste caso de 34 nacionalidades diferentes.
Bosch enviou carta a todos os cônsules implicados, na qual lamenta a dor causada pelo ataque que completará dois anos em 2020. Também ressalta o trabalho conjunto do governo catalão e os consulados naqueles dias e os pede “o mesmo espírito” e “diante das novas informações sobre o ataque terrorista” que se reúnam para “trocar informações sobre o assunto”.
A iniciativa se soma à medida empreendida pelo governo catalão de enviar carta à vice-primeira-ministra Carmen Calvo (PSOE) e à ministra da Defesa, Margarita Robles, pedindo uma reunião ao governo do primeiro-ministro Pedro Sánchez para esclarecer os feitos narrados pelas reportagens de Público. Até agora o governo español tem se esquivado de comentar o caso sob a alegação de que os fatos ocorreram durante a gestão de Mariano Rajoy (PP).
Confira as reportagens publicadas até agora por Público: