Uso de imagem de ex-ministro em propaganda de consórcio universitário brasileiro gera polêmica em Portugal

Socrates
Peça publicitária, já retirada da web da Cederj, causou polêmica em Portugal por usar imagem do ex-ministro José Sócrates, que está em prisão domiciliar respondendo a denuncias de corrupção

A publicação de uma fotomontagem do ex-primeiro ministro de Portugal, José Sócrates, numa propaganda do site do Centro de Educação Superior à Distância do Estado do Rio de Janeiro (cederj.edu.br/fundacao), gerou polêmica em Lisboa. E ganhou destaque nas páginas dos principais meios de comunicação do país.

Na peça publicitária, já retirada da página web da Cederj, o político que está em prisão domiciliar desde o último dia 4 de setembro por suspeita dos crimes de corrupção, fraude fiscal qualificada e branqueamento de capitais, após passar 9 meses em prisão preventiva, aparece sorrindo, usando óculos e vestindo uma toga. E segura uma pasta com a sigla da Cederj, consórcio de universidades públicas a distância sediado no Rio. A propaganda também foi veiculada na rede social profissional LinkedIn.

A notícia foi divulgada inicialmente pela Rádio Renascença e depois no jornal O Público, que reproduziu a matéria na sua versão online (confira o link aqui). A emissora de rádio portuguesa informou que entrou em contato com o responsável pelo site do Cederj, Leonardo Viana, que teria alegado que a foto foi retirada de um banco de imagem.

 “Ao que parece, a foto foi produzida. Acreditamos ter sido uma montagem realizada por alguém. Acreditamos que a produção foi realizada sem o conhecimento de quem é a pessoa”, diz Leonardo Viana, citado pela Renascença. E acrescenta: “Pedimos desculpas e lamentamos muito o fato. No mais, tomaremos todas as providências para que isto nunca mais ocorra dentro da instituição”.

O jornal O Público entrou em contato com o advogado do ex-ministro, João Araújo, que informou que José Sócrates teria ficado incomodado com a história, mas não pretende reagir. “Para já a retirada da montagem da Internet parece suficiente”, afirmou João Araújo, que justifica essa opção com o fato de não se querer “distrair do que é essencial”.

Contudo,  o advogado sugeriu que a fotomontagem pode ter sido feita em Portugal: “Esta montagem não é inocente. Tenho a certeza que isto partiu de Portugal”. Araújo disse estar ocupado com a defesa de Sócrates e que não tem como dimensionar o episódio. E garante que o cliente não vendeu qualquer foto a um banco de imagens.

O Público ouviu ainda Clara Lima, gestora de clientes na VMI, que representa em Portugal o conhecido banco de imagens norte-americano Corbis, que disse estranhar o caso. “Acho muito pouco provável que alguém recorra a um banco de imagem e não saiba que está usando a foto de um ex-primeiro-ministro”, afirma, explicando que as imagens disponíveis estão devidamente catalogadas e com as indicações de como podem ser usadas. “Se um fotógrafo tira uma fotografia de uma pessoas para ilustrar um concerto, essa foto não pode ser utilizada para promover um produto ou um serviço”, exemplifica. Clara Lima admitiu, contudo, que a imagem pode ter sido “roubada” da Internet, algo que “infelizmente é muito comum”.

O caso ganhou ainda maiores contornos, segundo o jornal português, porque há polêmica na forma como Sócrates teria obtido a licenciatura em Engenharia Civil na Universidade Independente, em 1996. O Público informa que o ex-ministro teria terminado o bacharelato no Instituto Superior de Engenharia Civil de Coimbra, em 1979, e 15 anos mais tarde, já deputado, inscreveu-se no curso do Instituto Superior de Engenharia de Lisboa, onde fez algumas cadeiras. Em 1995, teria regressado à universidade, onde teria concluído o curso com a realização de cinco disciplinas, quatro delas lecionadas pelo mesmo professor.

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