#OurHomesAreOpen: Campanha oferece casas a desabrigados pelas explosões em Beirute
Thawra Map reúne em mapa ofertas de moradores de Beirute e de outras cidades do Líbano que estão abrindo suas portas aos desalojados pelas explosões
Campanha lançada através das redes sociais está tentando ajudar aqueles que perderam suas casas por conta das explosões ocorridas em Beirute, no Líbano, na última terça-feira (04). Até agora são mais de 300 mil desabrigados segundo às autoridades locais, que também contabilizam a morte de 145 pessoas e mais de cinco mil feridos. Para dar abrigo aos que ficaram sem lar foi lançada a hashtag #OurHomesAreOpen (Nossas casas estão abertas), publicada em inglês e em árabe.
A campanha, impulsionada por Thawra Map (“Mapa da Revolucão”, em tradução livre), difundida através das redes sociais, reúne em um mapa todos que oferecem suas casas. Até agora, o mapa acumula centenas de ofertas de moradores de Beirute e de outras cidades do Líbano, que indicam seus nomes, números de telefone e outros detalhes relativos à acomodação, bem como a respectiva localização.
O responsável pelo ThawraMap, ativista anti-governo, que, por motivos de segurança, recusou revelar o nome à agência Reuters, explicou que a plataforma foi criada inicialmente para identificar localizações de protestos. “Agora colaboramos na criação de uma lista de alojamentos disponíveis, incluindo estadias gratuitas em hotéis”.
As ofertas são publicadas no Twitter e Instagram, juntamente com um mapa que reúne mais de 50 soluções oferecidas até agora – desde cidadãos com camas extra em casa a hotéis que disponibilizam até 40 quartos. Também estão surgindo outras iniciativas na irternet, organizado por profissionais de saúde, que oferecem tratamento médico.
SOLIDARIEDADE – Muitos países se solidarizaram com o Líbano e estão enviando ajuda humanitária para fazer frente às devastadoras consequências das explosões ocorridas no por de Beirute que se propagaram provocando grandes estragos. O Qatar, por exemplo, enviou material para montar um hospital de campanha.
Os hospitais da capital do Líbano, que já enfrentavam uma grande demanda por conta da Covid-19, estão colapsados. A um quilômetro das explosões, o Hospital Saint George foi um dos mais castigados, tendo que fechar as portas. O chefe médico da unidade, Alexandre Nehne, explicou que nunca havia visto um desastre como este. “Uma situação apocalípitica. Vivenciei toda guerra civil libanesa, desde 1975, mas nunca havia tetemunhado um desastre assim”, desabafou.
Além de estarem trabalhando no limite por causa da pandemia, os centros hospitalares padeciam por conta da crise econômica. Há meses os profissionais de saúde denunciavam a escassez de material e o atraso no pagamento dos salários. De feito, fazia pouco tempo que estavam em greve. Contudo, o instinto de sobrevivência se sobrepôs às adversidades e todo pessoal da área está trabalhando a todo gás.
A enfermeira Pamela Zeinoun, relata que no momento da onda expansiva, não pensou duas vezes em proteger três bebês que estavam aos seus cuidados. “Agarrei os três e os levei ao andar de baixa. Depois que passou a explosão, só pensava neles”, conta.
O sistema de saúde do Líbano ilustra como funciona o país: a golpe de privatizações, ao serviço das elites e com atendimento precário à maioria da população. Apenas dois de cada dez hospitais são públicos
VISITA – O primeiro chefe de estado que se deslocou a Beirute depois da catástrofe foi o presidente da França, Emmanuel Macron. Desde que o Líbano se tornou protetorado da França, após a Primera Guerra Mundial, as relações entre os dois países são estreitas.