Após dançar na chuva e na lama, menino nigeriano ganha bolsa para Companhia de Balé de Nova Iorque
Anthony Memesoma Madu, 12 anos, ganha bolsa para estudar no American Ballet Theatre após vídeo dançando balé na chuva viralizar
Anthony Memesoma Madu, nigeriano de 12 anos, cujo vídeo dançando balé na chuva viralizou no Instagram, conseguiu uma bolsa para estudar nos Estados Unidos. A oferta, entre tantas outras recebidas após milhões de visualizações da gravação publicada pela escola que frequenta, veio da Companhia de Balé de Nova Iorque
No vídeo, cujo objetivo inicial era arrecadar fundos para escola que oferece a dança gratuitamente e motivar pais e mães a deixarem seus filhos praticarem balé , Anthony Madu aparece dançando na chuva. Descalço, em meio à lama, sem música de fundo, demonstra suas habilidades com tanta paixão e talento que conseguiu despertar o interesse de bailarinos e bailarinas profissionais de todo o mundo.
“Quando os meus amigos me vêem bailando, dizem: O que faz este garoto?” Faz uma dança estrangeira em lugar de uma nigeriana? Agora, ganhei um grande prêmio para ir para os Estados Unidos em 2021 e estou muito contente. Viajarei de avião e isso é o que estou desejando. O balé fez isso por mim”, comemora.
Anthony Madu ganhou manchetes em jornais em toda Europa outra vez esta semana, após a divulgação da conquista. “O balé é minha vida e pratico em todo lugar. Quando bailo, me sinto como se estivesse por cima de todo o mundo. Quando a minha mãe me manda a fazer algum encargo, bailo antes de sair e me sinto muito feliz. Me encanta o balé”, declara.
O vídeo, divulgado em junho passado, foi gravado pelo seu professor de dança Daniel Owoseni Ajala. O professor é um bailarino autodidata. Mesmo inicialmente pensando que o balé era “coisa de ricos” e que ninguém no seu bairro poderia aspirar a praticá-lo, insistiu no autoaprendizado. O que sabe foi através da internet e lendo todos os livros que pôde conseguir.
Há três anos, criou a Leap of Dance Academy, uma escola de dança que mantém do seu bolso em um dos distritos mais pobres de Lagos. No local, ensina tudo que sabe a 12 alunos com idade entre 6 e 15 anos, entre eles, Anthony Madu.
“Senti a necessidade de praticar uma forma de arte que reunisse disciplina, dedicação e compromisso. Estas qualidades fazem que um bailarino seja muito bom. Aqueles capazes de aprender tudo isso podem transferir toda disciplina e dedicação que aprenderam através do balé em outras áreas de suas vidas”, declarou o professor.
Segundo Daniel, a dança clássica na Nigéria não é bem vista e muito menos dedicar-se profissionalmente à atividade. “A aceitação do balé ainda está em fase de crescimento porque não se chegou à plena consciência de que o balé é uma profissão e que pode ser uma saída profissional para qualquer um”. Por isso, o projeto de Daniel Owoseni topou com o ceticismo dos vizinhos, que achavam que não havia sentido algum haver uma escola de balé no bairro.
Como já destacado, as aulas na academia de Daniel Owoseni são gratuitas, assim como todo o material disponibilizado aos alunos. Muitas vezes, os ensaios são sem música porque os cortes de energia são habituais.
A ideia do vídeo no Instagram era promover uma campanha de mecenagem através das redes sociais para arrecadar 12 mil euros. A estratégia funcionou, o valor foi arrecadado, e o aluno protagonista atraiu os olhares do mundo e vai poder realizar seu sonho.
Agora, quando Anthony Madu ou um outro aluno começa a dançar no meio da rua, os olhares já não são mais de reprovação, sim de admiração. “Pratico em todo lugar porque dizem que praticar ajudar a melhorar. Sempre estou praticando. Não posso chegar em um grande palco e começar a me equivocar”, diz o garoto.
A princípio, os país Anthony Madu queriam que o menino fosse padre. Para eles, esta era uma profissão mais interessante e com mais futuro do que a escolhida pelo filho. Contudo, agora que a Companhia de Balé de Nova Iorque decidiu conceder uma bolsa a Anthony para estudar no American Ballet Theatre, são só orgulho. E quem não estaria?