Governo Biden tem maior diversidade étnica e de gênero em 200 anos nos EUA
Novo presidente dos Estados Unidos quebra estereótipos com gabinete mais diverso da história dos EUA
O 46º presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que tomou posse hoje, comanda uma das mais diversas administrações da história do país. Após mais de 200 anos com uma clara predominância de homens brancos e heterossexuais, Biden preside o governará com a maior diversidade étnica e de gênero.
O exemplo mais destacado é o da vice-presidente Kamala Harris. Filha de pai jamaicano e mãe indiana, é a primeira pessoa não branca a chegar à vice-presidência do país. Harris é a partir de hoje a mulher de maior posição na história dos Estados Unidos. Até ontem, era a atual presidente da Câmara dos Deputados, Nancy Pelosi.
“Você pode ser a primeira a fazer muitas coisas, mas certifique-se de não ser a última”, foi a frase que Harris ouviu da mãe quando era criança. Nos seus discursos, têm lembrado isso e incentivado as pessoas a correrem atrás dos seus sonhos e a não desistirem dos seus objetivos, mesmo diante dos obstáculos. Milhões de mulheres dos Estados Unidos, historicamente relegadas a segundo plano, serão representadas por Harris.
Em uma nação cada vez mais diversificada, Biden prometeu fazer um governo que refletisse a realidade do país. “O gabinete Biden-Harris será um gabinete histórico, representando a América, um gabinete dos melhores”, destacou o presidente.
Seguindo o que disse, Biden escolheu, pela primeira vez, um homossexual como secretário de gabinete. Pete Buttigieg, vencedor do Iowa Caucuses, ocupará a pasta de Transportes. Pouco depois que a proposta foi tornada pública, o ex-prefeito de South Bend, Indiana, enfatizou que, pela primeira vez, uma pessoa “abertamente LGBTQ” havia sido proposta para chefiar um departamento administrativo.
Buttigieg relembrada quando, no final da década de 1990, o Senado negou a confirmação de James Hormel como embaixador em Luxemburgo. “Lembro-me de assistir na TV, quando tinha 17 anos, em Indiana, que um embaixador escolhido pelo presidente Clinton foi atacado e o Senado negou sua aprovação por ser gay.”
PRESENÇA FEMININA – O governo Biden terá a maior presença de mulheres da história dos Estados Unidos. O novo presidente indicou cinco mulheres para os 15 principais cargos do gabinete, número que ultrapassa as quatro indicadas por Bill Clinton, George W. Bush e Barack Obama.
Em um país onde as mulheres representam apenas 122 dos 435 membros da Câmara dos Representantes e 26 dos 100 senadores, haverá a primeira secretária americana nativa, a congressista do Novo México, Deb Haaland. Se ela receber a confirmação do Senado, Haaland será a secretária do Interior. Antes de se dedicar à política, participou de campanhas em prol do meio ambiente.
Janet Yellen, que foi a primeira mulher a presidente do Federal Reserve, será a primeira secretária do Tesouro. Discípula de economistas como James Tobin e Joseph Stiglitz, se tiver o nome confirmado pelo Senado, se tornará a primeira pessoa a ter sido secretário do Tesouro, presidente do Conselho de Consultores Econômicos da Casa Branca e presidente do Federal Reserve.
Nas semanas de transição, Biden também anunciou as nomeações de Marcia L. Fudge para chefiar o Departamento de Habitação e Desenvolvimento Urbano; a ex-governadora de Michigan, Jennifer Granholm, como secretária de energia e a governadora de Rhode Island, Gina Raimondo, como secretária de comércio. Avril Haines será a primeira diretora de inteligência. Haines, colaboradora de Biden por mais de uma década, foi Conselheira de Segurança Nacional de Barack Obama entre 2015 e 2017.
Outra novidade é que, pela primeira vez, haverá um latino à frente da segurança do país. Alejandro Mayorkas, americano de origem cubana, será o próximo secretário de Segurança Interna. Nascido em Havana em 1959, Mayorkas havia sido subsecretário do departamento durante a gestão de Barack Obama.
Com essas nomeações, Biden tentou quebrar estereótipos, como o de que uma mulher não poderia liderar a Defesa, mas também colocou na mesa valores e prioridades diferentes, com o desejo de se conectar com mais cidadãos.
HISTÓRIA – Desde George Washington, o primeiro presidente do país, o poder esteve por dois séculos quase exclusivamente nas mãos de homens brancos e oficialmente heterossexuais. Nos Estados Unidos, a população feminina é ligeiramente maior do que a masculina, os latinos representam 18% da população e os afro-americanos 13%. Nenhum governo, entretanto, refletiu essa diversidade étnica e de gênero.
A primeira mulher a fazer parte do governo foi nomeada em 1933: ela foi Frances Perkins, Secretária do Trabalho de F. D. Roosevelt. E o primeiro afro-americano com um portfólio no gabinete não chegou até mais de 30 anos depois: em 1966, Lyndon B. Johnson nomeou Robert C. Weaver Secretário de Habitação.