Planta aquática do Mediterrâneo pode capturar e extrair plásticos do oceano

Descoberta sobre poder de “limpeza” da Possidônia, espécie em perigo de extinção, foi feita por pesquisadores da Universidade de Barcelona

Estudo de pesquisadores da Universidade de Barcelona mostra que Possidônia oceânica, planta aquática endêmica do Mediterrâneo, não apenas é de grande importância ecológica, mas também capta e transporta para a areia alguns dos plásticos despejados no mar. A descoberta foi explicada em artigo na revista Scientific Reports intitulado “As ervas marinhas fornecem um novo serviço ecossistêmico ao capturar plásticos marinhos.

O artigo tem como primeira autora Anna Sànchez-Vidal, do Grupo de Investigação em Geociências Marinhas da Faculdade de Ciências da Terra. Os outros autores são Miquel Canals, William P. de Haan e Marta Veny, do mesmo grupo, e Javier Romero, da Faculdade de Biologia e do Instituto de Pesquisa em Biodiversidade da UB (IRBio).

Vários estudos anteriores sugeriram que a maioria dos plásticos despejados no mar termina no fundo e que, de alguma forma, parte dele volta para a areia. Mas não se sabia por quê. Anna Sànchez-Vidal e seus colegas mediram a quantidade de lixo plástico coletado em quatro praias de Maiorca entre 2018 e 2019.

Na investigação, descobriram que muitas folhas de possidônia que haviam chegado à praia continham plástico, material também encontrado nas bolas de fibra desta planta, chamadas egagrópiles ou bolas de Netuno.

Os pesquisadores encontraram junto com as folhas até 613 objetos de plástico por quilograma. Nas egagrópilas eram 1.470 por quilo. Isso permite alguns cálculos sobre a capacidade da possidônia. De acordo com Sanchez-Vidal, eles poderiam eliminar cerca de 867 milhões de plásticos a cada ano.

EGAGROPILES
Egagrópiles com fibras de plástico que foram capturadas. Foto: Marta Veny

Segundo as análises, os micro-plásticos presos nas pradarias de Possidônia oceânica eram em sua maioria filamentos, fibras e fragmentos de polímeros mais densos que a água do mar, como o tereftalato de polietileno ou PET. Isso adiciona mais um motivo para proteger e conservar esses ecossistemas vulneráveis. Mas os autores ressaltam que a melhor estratégia para manter os oceanos livres de plásticos é reduzir seu despejo. E isso exige “limitar drasticamente seu uso pela população”.

AMEAÇA – A Possidônia oceânica forma densas pastagens que geram um habitat de grande valor ecológico e fornecem alimento, abrigo e espaço de reprodução a vários organismos. Isso os torna muito importantes para a manutenção da biodiversidade marinha. Mas eles também estão em perigo. As áreas com possidônia diminuíram de 13% a 50% desde 1960.

Possidônia tem um caule modificado em forma de rizoma, do qual raízes e folhas emergem. Quando as folhas caem, suas bases – as vagens – se fixam nos rizomas e lhes dão uma aparência de penas e acabam formando as bolas.

Javier Romero explica que “como resultado da erosão mecânica no ambiente marinho, os frutos enterrados no fundo estão gradualmente liberando fibras lignocelulósicas que são gradualmente adicionadas e entrelaçadas, para formar aglomerados em forma de bola conhecidos como egagrópiles.” Estas são expulsas das pradarias em períodos de ondas fortes e uma parte acaba se depositando nas praias.

One thought on “Planta aquática do Mediterrâneo pode capturar e extrair plásticos do oceano

  • 19 de janeiro de 2021 em 10:29
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    Com certeza é a engenharia dos anjos do céu agindo em benefício da natureza, já que se for esperar pela conscientização dos homens, a vida marinha seria extinta.

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