Abominável, ultrajante, vergonhoso
*Por Cesar Vanucci
“O que ocorreu em Brasília foi a materialização do ódio vastamente disseminado ao longo de anos” (Ministro da Justiça Flávio Dino)
Fica difícil encontrar palavras que possam definir com exatidão os inimagináveis acontecimentos. As expressões que encimam este comentário foram ouvidas, ao lado de outras de significado equivalente, na boca de cidadãos tomados de perplexidade e revolta que representam a possante voz majoritária da democracia no seio da nação. A sociedade brasileira sentiu-se vilipendiada pelos malfeitos (e bota mal feito nisso!) da súcia de delinquentes (ir) responsáveis pelas ações terroristas que sacudiram Brasília e encheram de sobressalto o país. O minoritário grupelho de fanáticos políticos, já tendo a debito outras façanhas deploráveis transcorridas na Capital da República e em rodovias de diversos Estados, demonstrou com a invasão dos Palácios que abrigam os Poderes da República nefando propósito golpista, a serviço de malsinada ideologia extremista, repudiada pelas correntes democráticas predominantes na vida nacional.
Não resiste a mais leve análise crítica o argumento fajuto de que o ataque desferido às Casas do Congresso, Justiça e Presidência tenha sido motivado por inconformismo popular em face de resultados eleitorais fraudulentos. Isso não passa de desculpa esfarrapada de maus perdedores emaranhados em maquinações conspiratórias com vistas à usurpação do Poder. Os terroristas – repita-se, uma facção belicosa obviamente avessa aos ditames democráticos – planejaram meticulosamente a solerte manobra. Tudo foi muito bem orquestrado. Inicialmente, foi feita, nas redes sociais, convocação geral dos anarquistas, com propostas de remuneração, alojamento e alimentação para se deslocarem até Brasília em ônibus especialmente fretados nas diferentes regiões. Em lá chegando se juntariam a comparsas que já estavam à espera, com finalidade de executar atentados contra as instituições democráticas.
Do local da concentração a turba colérica partiu para a inglória tarefa de semear o caos. Por inacreditável que pareça os “manifestantes” de araque foram escoltados por agentes da policia militar do DF até A Praça dos 3 poderes. O espaço em questão estava estranhavelmente desguarnecido do aparato de segurança que se impunha tendo em vista sinais inquietantes de iminente perturbação da ordem. O que veio depois, exuberantemente mostrado na televisão e filmagens postadas nas redes, algumas até pelos próprios desordeiros, convencidos de que ficariam impunes foi uma sequencia de horrores. Depredações de prédios que constituem marcos cívico. Destruição e danificação de obras de arte de valor incalculável, móveis e equipamentos de trabalhos. Roubo de peças valiosas doadas por personalidades estrangeiras ilustres. Os saqueadores levaram coleções de armas existentes no Gabinete de Segurança Institucional do Planalto.
Jornalista foi espancado e roubado por indivíduos armados. Alguns dos extremistas se confessam patriotas e cristãos. Não são nem uma coisa nem outra. Sob o enfoque religioso, cabe-lhes bem uma expressão provinda de ensinamento evangélico: “sepulcros caiados”. De outra parte, patriota não conspurca símbolos e valos caros à nacionalidade.
Estarrecida diante da trama conspiratória, a opinião pública cerrou fileiras em torno das medidas vigorosas adotadas pelos poderes constituídos visando a identificação, indiciamento e punição dos envolvidos em todos os escalões, dos vândalos da linha de frente até os mandantes e financiadores. Espera também que os interrogatórios dos detidos proporcionem revelações que levem à captura dos arquitetos da conspiração. E não deixa por menos: aplicação severa da lei a todos, sem anistias, indultos ou qualquer outra concessão que lhes permitam voltar a ameaçar o Estado Democrático de Direito.
O jornalista Cesar Vanucci (cantonius1@yahoo.com.br) é colaborador do Blog Mundo Afora