Brasil à frente da negocição pelo fim da guerra entre Ucrânia e Russia
Meios de comunicação de todo o mundo destacaram hoje o “aniversário” de um ano da invasão russa à Ucrânia e as consequências globais desta guerra. Há bastante material, desde reportagens com testemunhos de pessoas que vivem a rotina da guerra, análises geopolíticas ou documentários analisando os impactos do conflito no mundo.
Aqui no Mundo Afora, voltamos os olhos ao presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, que destacou hoje (24/02) a urgência de convocar um grupo de países não envolvidos no conflito entre a Rússia e a Ucrânia para assumir uma negociação que restabeleça a paz na Europa.
Lula fez isso após o Brasil ser o único país do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) a votar na última quinta-feira (23/02) a favor da resolução não vinculante da Assembleia Geral da ONU que pede a retirada imediata das tropas da Rússia e defende a integridade territorial da Ucrânia.
“Chegou a hora de dar voz também àqueles que querem falar em caminhos para a construção da paz”, declarou Lula. “Num momento em que a humanidade, com tantos desafios, precisa de paz, chega ao fim um ano da guerra entre a Rússia e a Ucrânia. É urgente que um grupo de países não envolvidos no conflito assuma a responsabilidade de conduzir uma negociação restabelecer a paz”, disse Lula em mensagem nas redes sociais.
A votação do Brasil aconteceu depois que Lula visitou seu colega americano, Joe Biden, em Washington, com quem assinou um comunicado conjunto em que pela primeira vez Brasília reconheceu a necessidade de repudiar as “anexações territoriais” russas na Ucrânia, referindo-se à região de língua de Donbass no leste da Ucrânia.
O voto brasileiro, esteve ao lado de aliados latino-americanos como México e Argentina, mas também da visão dos Estados Unidos e seus parceiros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) no conflito em que são aliados. A resolução teve 141 votos a favor, 7 contra e 32 abstenções. Os Brics, exceto Rússia e Brasil, se abstiveram.
Embora a aprovação na ONU de uma resolução pedindo a retirada das tropas da Ucrânia esteja sendo vista como um gol da diplomacia brasileira, o Itamaraty adota tom de cautela em relação à expectativa de fim do conflito, como informa o Painel da Folha de S.Paulo. O Ministério das Relações Exteriores avalia ser necessário ter a consciência de que se trata apenas do primeiro passo em uma longa caminhada para a paz. A expectativa é de que a guerra ainda escale e dure por algum tempo. O presidente Lula deve conversar com o ucraniano Volodimir Zelenski na próxima semana.