Flotilha Global Sumud zarpa de Barcelona para abrir corredor humanitário em Gaza
Três dias de shows e debates precederam a saída de Barcelona de mais de 20 barcos com cerca de 300 ativistas de 44 países em direção à Faixa de Gaza
A despedida dos ativistas que partiram de Barcelona na Flotilha Global Sumud em direção à Gaza, neste domingo (31), foi repleta de emoção. A multidão que se concentrou no Molhe de La Fusta expressou solidariedade aos cerca de 300 voluntários de 44 nacionalidades que zarparam em 20 barcos com a aspiração de ser a missão internacional mais ambiciosa até o momento em apoio ao povo de Gaza. Entre os integrantes estão Greta Thunberg, a ex-prefeita de Barcelona Ada Colau, e o ator Liam Cunningham.
Rumb a Gaza: la Flotilla Global Sumud salpa de Barcelona per obrir un corredor humanitari a la Franja https://t.co/JISdBtkHwE pic.twitter.com/xsgWu0ecEw
— 324.cat (@324cat) August 31, 2025
O objetivo da missão, na qual milhares de voluntários trabalham há semanas, é viabilizar um corredor marítimo humanitário e denunciar o “genocídio” israelense em Gaza, que, segundo as Nações Unidas, já enfrenta uma situação de fome após 22 meses de “cerco ilegal”, nas palavras dos organizadores.
Aos vinte barcos que saíram de Barcelona se juntarão embarcações em portos da Itália, Grécia e Tunísia, que estarão em alto mar para tentar chegar a Gaza e “romper o bloqueio” que impede a entrada de ajuda humanitária, explicou Saif Abukeshek, porta-voz e membro do grupo de coordenação da Flotilha Global Sumud.
Antes de zarpar, os ativistas da flotilha ressaltaram que a iniciativa é essencial diante da “cumplicidade e covardia” da comunidade internacional com Israel. Greta Thunberg disse que o mais importante não é a missão da flotilha, mas como o mundo pode permanecer em silêncio e “não responder à opressão dos palestinos”: “Estou horrorizada ao ver como as pessoas conseguem viver assistindo ao genocídio ao vivo em seus celulares.“
Os organizadores da Flotilha esperam conseguir chegar a Gaza, apesar dos possíveis impedimentos do governo israelense. Esta será a quarta expedição que tentará chegar a Gaza; nas outras vezes, foram interceptadas em águas internacionais. Em junho, o exército israelense interceptou a Flotilha da Liberdade e deteve ou deportou seus participantes, incluindo Thunberg.
Greta Thumberg antes de partir con la Flotilla de la Libertad: "Me aterroriza cómo la gente puede seguir con su vida cotidiana aceptando este genocidio" pic.twitter.com/2vbNPDefFg
— EL MUNDO (@elmundoes) August 31, 2025
A ex-prefeita de Barcelona, Ada Colau, que está nesta missão, também tentou, sem sucesso, deixar a Turquia em abril em outra expedição e denunciou “pressão sobre diferentes governos” por parte de Israel para que o navio não zarpasse.
O porta-voz da Flotilha Global Sumud, Saif Abukeshek chamou a atenção para a forma de agir de Israel. “Quando se trata de Israel, vemos que ele pode entrar em águas internacionais, interceptar navios com ajuda humanitária e sequestrar ativistas não violentos, agindo como um pirata, e nos perguntamos se fará isso novamente ou não.”
Estima-se que a chegada a Gaza leve de sete a oito dias, onde pretendem descarregar alimentos, água e medicamentos para a população e abrir um corredor de ajuda humanitária. Um dos navios é composto exclusivamente por mulheres e outro por veteranos americanos que serviram nas Forças Armadas. Há também médicos e jornalistas.
O governo espanhol garantiu “proteção diplomática e consular“ à Flotilha. O ministro das Relações Exteriores, José Manuel Albares, disse que não permitirá “nada que viole a legalidade internacional“. Segundo Albares, as embaixadas mais próximas, como a de Tel Aviv, protegerão os cidadãos espanhóis “em qualquer” situação.